Série Merlin – 1ª Temporada Completa

•20 de dezembro de 2008 • 36 Comentários

Merlin

 Nessa fantástica produção do estúdio independente Shine Television para a BBC1, vemos uma versão completamente nova e atualizada das lendas arturianas, um projeto extremamente ousado, com ótimas atuações, figurinos e cenários, além de uma história completamente hipnotizante. Merlin (Colin Morgan) é um atrapalhado jovem que é enviado por sua mãe a Camelot, pois ali teria mais chances de sobreviver com seus estranhos poderes mágicos. Entretanto, chegando ali ele percebe que, no reino de Uther Pendragon (Antony Head), a magia é proibida, e sua prática é punida com pena de morte. Logo de cara ele conhece o príncipe Arthur (Bradley James), que parece ser um rapaz arrogante e prepotente, gabando-se de suas habilidades no combate. Envolvendo-se em muitas confusões, ele acaba tornando-se o servo de Arthur, e descobre que seu destino e o dele estão entrelaçados para sempre. Com o tempo os dois tornam-se amigos inseparáveis, e todos os personagens já conhecidos, como Morgana, Lancelot, Guinevere e Nimueh surgem para formar a imagem do mito que todos já conhecemos e amamos. A série fez tanto sucesso que a segunda temporada já está garantida para o ano que vem, com mais 13 episódios. A primeira temporada acaba de terminar, e eu resolvi postar todos os 13 episódios legendados aqui no blog. Todos os créditos vão para a comunidade Merlin Brasil no Orkut, e as legendas são da equipe InSubs e MagicTeam.

 

Episódio 01 – The Call of the Dragon

01. The Call of the Dragon

            Merlin está saindo da adolescência, caminhando para Camelot, onde espera encontrar aventura e um uso para seu talento oculto: magia. De qualquer modo, nada está tão calmo como ele ouviu falar na mítica cidade. Mas no fim ele recebe uma calorosa recepção de Gaius, o médico da Corte.

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Episódio 02 – Valiant

02. Valiant

 

            Camelot está sediando seu torneio anual de espadas, e cavaleiros de todo o reino vêm para competir pelo almejado título. Entre aqueles que esperam vencer a disputa está o cavaleiro Valiant. Armado com seu escudo mágico, Valiant não será impedido por nada para conquistar o prêmio.

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Episódio 03 – The Mark of Nimueh

03. The Mark of Nimueh

 

            Uma praga mortal se espalha por Camelot. Quando parece que a feitiçaria pode ser a única explicação possível, Merlin e Gaius tentam encontrar uma cura, enquanto Gwen é presa e condenada à morte por praticar bruxaria.

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Episódio 04 – The Poisoned Chalice

04. The Poisoned Chalice

 

            Com suas garras firmemente apontadas para Merlin, Nimueh o engana, levando-o a beber de um cálice envenenado. Ele cai profundamente doente. Arthur se aventura nas profundezas da floresta Balor para encontrar o antídoto. Mal sabe ele que está caminhando para uma armadilha fatal.

 

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Episódio 05 – Lancelot

05. Lancelot

            Merlin é salvo de um aterrorizante monstro voador por um estranho heróico – Lancelot. Visando retribuir o favor, Merlin  se esforça para fazer de Lancelot um cavaleiro de Camelot. Entretanto, há um problema; Lancelot não possui sangue nobre.

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Episódio 06 – A Remedy to Cure All Ills

06. A Remedy to Cure All Ills            Quando Lady Morgana contrai uma misteriosa doença, Gaius não consegue encontrar uma cura. Por sorte, um novo médico, Edwin Muirden, está a caminho para trazer a protegida do Rei da iminência da morte.

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Episódio 07 – The Gates of Avalon

07. The Gates of Avalon

 

            A bravura de Arthur torna-se perigosa quando ele resgata Sophia, uma donzela, e seu pai Aulfric. Quando Sophia usa mais do que seus encantos femininos para controlar o coração de Arthur, as suspeitas de Merlin são confirmadas.

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Episódio 08 – The Beginning of the End

08. The Beginning of The End

            Arthur encontra um improvável aliado em Morgana quando ele decide ajudar um garoto mágico fugitivo. A dupla está em desespero para fazer o garoto voltar clandestinamente para seu próprio povo, mas essa tarefa toma um rumo perigoso quando Uther declara que qualquer um que esconda a criança será executado.

 

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Episódio 09 – Excalibur

09. Excalibur

 

            O passado de Uther volta para assombrá-lo. Um misterioso cavaleiro negro cavalga por Camelot jogando sua luva e desafiando os cavaleiros de Camelot para um combate mortal.

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Episódio 10 – The Moment of Truth

 

10. The Moment of Truth

            Quando o vilarejo de Merlin é atacado por um invasor terrível, ele rapidamente retorna para casa para ajudar. A surpresa é quando Arthur, Gwen e Morgana insistem em ajudar também. Será merlin forçado a revelar sua magia a Arthur para salvar o povoado ?

 

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Episódio 11 – The Labyrinth of Gedref

 

11. The Labyrinth of Gedref

 

            Arthur mata um unicórnio, trazendo uma maldição que castiga Camelot inteira. Com a água e a comida da cidade se esvaindo rapidamente, ele está desesperado para corrigir seu erro e ajudar seu povo. Mas para tanto, ele deve ouvir o misterioso Anhora, e ele pode não gostar do que vai ouvir.

 

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Episódio 12 – To Kill the King

 

12. To Kill The King

 

            O pai de Gwen é preso por traição, e acaba sendo decapitado por ordens de Uther. Morgana decide que deve haver vingança. Merlin fica abismado ao perceber quão longe ela está preparada para ir quando descobre uma trama para matar o rei.

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Episódio 13 – Season Finale – Le Morte d´Arthur

 

13. Le Morte D´Arthur

 

            Amizade, lealdade e amor são todos testados ao limite no episódio final da temporada. Merlin é forçado a escolher entre aqueles que ele mais ama. O que Merlin terá que sacrificar para proteger seu destino ?

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Mito para Escorpião – Órion, o Gigante Caçador

•23 de novembro de 2008 • 7 Comentários

Órion            Órion é uma das constelações mais famosas do céu, já que todos a conhecem pelas três estrelas que compõem o centro, as “Três Marias”, Alnitak, Alnilan e Mintaka. É também muito próxima à constelação das sete estrelas mais brilhantes, as Plêiades. A mitologia grega nos explica as origens de ambos os símbolos celestes. Curiosamente, o mito encerra em si mesmo algumas características fortemente associadas a Escorpião, o signo astrológico.

 

            Havia um camponês grego chamado Hireu, que morava em uma simples casa de barro. Seus pais eram imigrantes e haviam morrido em um terremoto, deixando-lhe suas terras e um touro para que cuidasse. Pouco tempo depois casa-se, mas novo terremoto leva sua esposa. Jurando não unir-se a nenhuma outra mulher, ele enterra seu corpo no terreno atrás da casa. Certo dia, Zeus, Hermes e Posseidon faziam uma breve passagem pela Terra, e necessitavam de um local para pernoitar. Encontrando a casa do camponês, eles lhe pedem abrigo. Temendo enfurecer as divindades, ele prontamente concorda. Além disso, oferece o touro que possuía em sacrifício. Os deuses, sensibilizados, lhe concedem um desejo, e Hireu lhes pede um filho, para dar continuidade ao seu nome e à sua descendência. Zeus, Posseidon e Hermes ejaculam três gotas de sêmen sobre o touro morto, e fazem Hireu enterrá-lo. Zeus lhe diz que, após nove meses, seu desejo seria atendido. Após o término do período, ocorre um violento tremor e da cova onde estavam enterrados os restos do touro sai Órion, já adulto. Posseidon lhe dera o dom de andar sobre as águas, a Terra lhe concedera um tamanho descomunal, e a alma da esposa de Hireu lhe abençoara com fantástica beleza.

 

            Nesse ponto já notamos as influências escorpianas no mito. Órion teve seu nascimento produto da semente divina, símbolo da vida, e da mistura de um animal abatido com o espírito de uma mulher morta na Terra, símbolos da morte. As energias de vida e morte se encontram inevitavelmente no oitavo signo que de forma contraditória deseja simultaneamente uma aproximação e um afastamento do poder que delas emana. Escorpião também se relaciona com as características físicas de Órion. Ele pode caminhar sobre as águas, ou seja, tem o poder de compreender, submeter e controlar as emoções, cheias de profundidade e instabilidade. O tamanho enorme e a força descomunal estão no forte caráter e personalidade do indivíduo escorpiano, que utiliza todo seu poder oculto para sobreviver às constantes transformações ocorridas interiormente no decorrer de sua vida. A beleza não é necessariamente externa, na verdade é o irresistível magnetismo, por vezes sexual, que as pessoas com o signo forte no mapa exercem imperceptivelmente sobre os que estão ao redor.

 

            A primeira mulher de Órion foi Sidéia, que se gabava de ser a mais formosa de todas as mulheres, mortais e Nicolas Poussin - Landscape With Diana and Órion - detalheimortais. Hera a atirou nas profundezas escuras do Tártaro por ousar comparar sua beleza à da deusa. Após sua morte, o gigante perambula perdido pela Terra. Certo dia, o rei Eunápio (ou Enopião, “o que bebe vinho”) lhe pede ajuda para exterminar as feras que haviam invadido seu reino. Terminado o serviço, Órion conhece Mérope, filha de Enopião, e se apaixona instantaneamente pela donzela. Ele a pede em casamento, mas Eunápio demora em dar o consentimento. Órion apela para a violência e, segundo algumas versões, ele estupra Mérope animalescamente. Como vingança pelo ocorrido, Eunápio o embriaga e, depois de adormecido, lhe vaza os olhos e o expulsa do reino. Cego e cheio de dor, ele acompanhou o ruído do martelo de Hefesto, na ilha de Lemnos. O deus, penalizado, lhe oferece um de seus homens, Quedalião, para ajudá-lo. Hefesto lhe aconselha e expor os olhos ao deus Hélio, o Sol, no momento de sua subida no horizonte, para que obtivesse a cura para a cegueira. Órion coloca Quedalião sobre os ombros e sai em busca do Sol. Pela manhã, Hélio sobe o horizonte com seu carro de fogo, e oferece um feixe de raios solares à sua irmã Eos, a Aurora, que os distribui pela vegetação molhada pelo orvalho. Assim que os raios de sol entram em seus olhos, Órion recupera a visão e se apaixona pela deusa instantaneamente. Os dois vivem um tempo juntos, na ilha de Delos, mas logo o amor acaba, já que o interesse mútuo era apenas de cunho sexual. Órion chega até mesmo a perseguir as Plêiades, as sete filhas de Atlas e Pleione, tal era sua necessidade de amor. Cansadas de tanto serem assediadas, elas pedem a Zeus para serem transformadas em criaturas que pudessem fugir das investidas do gigante. O deus, compadecido, as transforma em pombas e, mais tarde, na constelação das Plêiades, famosa no mundo antigo.

 

Bóris Vallejo - Aurora

 

            Notamos que Escorpião, nessa fase do mito, deseja um encontro com sua Outra face, a parte perdida de sua alma. Ele deseja alguém para amar, mas para tanto ele deve entender que não pode conseguir esse contato através da agressividade (Mérope),  e que a sexualidade é somente uma parcela do relacionamento, não representando este em sua totalidade (Aurora). Ao tentar perseguir o amor, este foge e se transmuta em estrelas distantes (Plêiades), já que o verdadeiro sentimento é aquele que alcança  verdadeiramente o coração e a alma, puro e sem segundas intenções. Essa característica do amor já foi intelectual e logicamente compreendida no estágio anterior, Libra, e agora precisa ser aplicada na prática, no profundo e vasto campo das emoções representadas pelo Elemento Água de Escorpião.

 

            Cansado de buscar sua companheira ideal, Órion caminha por Delos. Ali ele acaba conhecendo Ártemis, a formosa e distante deusa caçadora. Os dois logo criam grande amizade, tendo em comum o gosto pela caça e pelos animais. O relacionamento evolui, e rapidamente Órion percebe-se verdadeiramente apaixonado pela deusa, a única pessoa que lhe compreendera. Algumas versões dizem que Ártemis lhe retribuiu o sentimento, e os dois quase chegam a se casar. O fato é que Apolo, irmão gêmeo de Ártemis, não gostou nada da aproximação dela com o gigante, sendo tomado de violento ciúme. Um dia, vendo que o caçador estava desacompanhado, o deus da luz faz surgir da terra lodosa um enorme Escorpião, um animal pérfido e venenoso, que persegue Órion por um longo período, entrando inclusive no mar para mata-lo. Apolo percebe que o gigante conseguiria escapar do ardil nadando rapidamente, e então chama a irmã, desafiando-a a acertar com a flecha aquele ponto negro distante do mar. Ártemis prontamente aceita o desafio, orgulhosa de suas habilidades com o arco. Ela acerta a cabeça de Órion, matando-o. As ondas trazem o corpo do gigante caçador para a praia e, ao perceber o que havia feito, a deusa da caça cai em terríveis prantos. Derramando lágrimas amargas, ela o transforma em uma enorme constelação brilhante, colocando-o nos céus, onde aparece com uma espada, uma clava, uma pele de leão e um cinto de três estrelas. O fiel cão Sirius o acompanha, e as Plêiades fogem de sua vista. Ártemis também transformou o Escorpião em uma série de estrelas, mas ele foi colocado no outro lado do céu, para que não pudesse jamais voltar a perseguir Órion.

 

            Aqui vemos o encontro simbólico do indivíduo escorpiano com o verdadeiro amor, seu oposto complementar, representado pela deusa caçadora, a virgem do bosque. Ao penetrar em território divino, Órion transpõe as barreiras de sua própria mortalidade limitadora, tornando-se uno com a deusa, seu amante, amigo e irmão. Para tanto, ele terá que enfrentar a prova final, o encontro com o medo, com o horror de tamanho equiparável, o Escorpião em si, reflexo de si mesmo. Ao fugir de si, ele é morto pelo amor que sentia, para que possa retornar a seu ambiente original, as estrelas imortais que o trouxeram um dia à vida. Mas um dia ele voltará para reclamar seu amor perdido, sua Outra face. E aí recomeçará o antiqüíssimo ciclo novamente, de vida, morte, amor, e renascimento.

 

Danie Seiter - Diane Auprés du Cadavre D´Órion

 

Imagens:

Órion

Landscape with Diana and Orion (detalhe) by Nicolas Poussin

Aurora by Boris Vallejo

Diane auprès du cadavre d’Orion by Daniel Seiter

Björk – Greatest Hits (2002)

•21 de novembro de 2008 • Deixe um comentário

Björk - Greatest Hits

Björk é uma influente cantora islandesa famosa no meio da música alternativa. É aclamada pelo seu experimentalismo musical e mundialmente reconhecida pela sua excentricidade. Chama a si várias referências, desde a música clássica até à eletrônica mais extrema, criando o que poderá ser designado por pop avant-garde. Greatest Hits é sua compilação de maiores sucessos até o ano de 2002. As faixas foram votadas via internet pelo público em geral, que escolheu desde hits antigos até os mais recentes para comporem o álbum. Human Behavior, Big Time Sensuality e Vênus as a Boy são do álbum Debut, de 1993; Play Dead faz parte da trilha sonora do filme The Young Americans, lançado no mesmo ano. Hyper-Ballad, Army of Me, Isobel e Possibly Maybe são de Post, de 1995. Hunter, All is Full of Love, Jóga e Bachelorette pertencem originalmente ao CD Homogenic, de 1997. Finalmente, Hidden Place e Pagan Poetry foram tiradas de Vespertine, de 2001. A faixa final, It´s In Our Hands foi uma canção inédita lançada como single, ainda em 2002. O álbum é ótimo pra quem, como eu, não conhece nada a respeito da excêntrica música dessa cantora fantástica. O som é estranho de escutar na primeira vez, e pode chegar a incomodar alguns, mas depois de ouvir quatro vezes o CD inteiro eu fui obrigado a concordar que o talento da moça para a música é evidente. As misturas são tantas, e tão variadas, que ela se torna um “camaleão musical”, transitando entre o pop, o romântico, o eletrônico, algumas pitadas de música clássica e oriental. Isso sem contar o vocal extremamente ousado, que faz o verdadeiro diferencial no estilo de Björk. Hoje ela completa 43 anos, e sua música continua sendo uma referência para toda uma geração. Vale muito a pena.

 

Faixas:

01 All Is Full Of Love
02 Hyper-ballad
03 Human Behaviour
04 Jóga
05 Bachelorette
06 Army Of Me
07 Pagan Poetry
08 Big Time Sensuality
09 Venus As A Boy
10 Hunter
11 Hidden Place
12 Isobel
13 Possibly Maybe
14 Play Dead

 

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Créditos

Mito para Escorpião – Orfeu e Eurídice

•18 de novembro de 2008 • 1 Comentário

Boris Vallejo - Eurydice“Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão, e chegam ao fim sem esperança. Lembra-te de que minha vida é um sopro; os meus olhos não tornarão a ver o bem. Os olhos dos que agora me vêem não me verão mais; os teus olhos estarão sobre mim, mas não serei mais. Tal como a nuvem se desfaz e some, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir. Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar o conhecerá mais. Por isso não reprimirei a minha boca; falarei na angústia do meu espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma.”

 

Jô 7:6-11

 

            A descida ao subterrâneo, seja ela real, imaginativa, mitológica ou simplesmente psicológica, é um dos temas mais associados ao oitavo signo, Escorpião. É possível encontrar diversas narrativas de personagens que, em algum momento de suas histórias, descem ao submundo com objetivos diversos. Hércules desceu ao Hades para aprisionar Cérbero, e esse foi o último de seus Doze Trabalhos. Perséfone foi raptada por Hades, e desceu ao Mundo dos Mortos para se tornar sua Rainha, após comer algumas sementes de romã. Psiquê foi obrigada por Afrodite a descer ao Inferno para pedir um pouco da beleza de Perséfone. Nergal desce ao Reino de Ereshkigal para desculpar-se por uma ofensa feita a uma representante sua, mas acaba apaixonando-se pela deusa e tornando-se o Senhor dos Infernos ao seu lado. Ishtar, cheia de dor pela perda de seu amado Tammuz, desce a Irkalla, a Casa da Escuridão, para resgatá-lo do domínio da Rainha dos Mortos, sua irmã Ereshkigal. Osíris governa o Mundo dos Mortos após ter sido assassinado por Seth e ressuscitado por Ísis. No livro O Senhor dos Anéis, a Sociedade do Anel enfrenta durasJohn William Waterhouse - Nymphs Finding the Head of Orpheus provas nas cavernas de Moria, onde enfrenta uma horda de orcs e um terrível Balrog (demônio das profundezas) enfurecido. No filme Matrix Reloaded o personagem Neo, o Escolhido, tem um encontro em um restaurante com Merovíngio e sua esposa Perséfone (coincidência ?), dois programas de computador sedentos de poder e amor, respectivamente; após exigir de Neo um beijo apaixonado, Perséfone o leva por um caminho subterrâneo até o Chaveiro, outro personagem de fundamental importância para a história. Nessa quarta temporada da série Supernatural, Dean Winchester é morto pelo demônio Lilith e é resgatado do inferno por um anjo com misteriosas intenções. E até mesmo Jesus Cristo passou pela prova da morte antes de ressuscitar ao terceiro dia e reinar ao lado de seu Pai nos Céus. Outros deuses passam por essa prova: Dionísio, Átis, Asclépio. São numerosíssimos exemplos. Para a ocasião, escolhi o mito de Orfeu e Eurídice, que representa algumas das principais características escorpianas.

 

            Orfeu era filho da musa Calíope e, segundo alguns, do deus Apolo, de quem ganhou sua primeira lira. Desde pequeno aprendeu a tocá-la com perfeição, e logo tornou-se um músico e poeta extremamente habilidoso. As melodias que saíam de sua lira eram inebriantes, encantadoras, e o som era tão maravilhoso que os animais mais ferozes não resistiam, reunindo-se mansamente ao redor do rapaz para escutar. As árvores e plantas curvavam seus galhos para pegar os sons no vento, os pássaros paravam de voar e até mesmo as pedras perdiam um pouco de sua dureza. Durante a expedição dos Argonautas em busca do Velocino de Ouro, Orfeu usou sua música para encantar e silenciar as sereias, impedindo desse modo que seus companheiros fossem afetados pela melodia mortal das criaturas marinhas. Ele é o símbolo magistral da habilidade de encantar, seduzir, por vezes subjugar sem, entretanto, utilizar de palavras ou força para tanto. É o arquétipo de Escorpião, com sua melodia capaz de encantar e romper enigmas, sua capacidade de rasgar os véus que encobrem as realidades paralelas. Eurídice era uma ninfa auloníade, ou seja, associada aos pastos localizados em montanhas e vales (a palavra grega aulon significa ravina ou vale).

 

            Os dois se apaixonam de um modo total, um amor tão forte que precisou ser selado com uma união definitiva e imortal, um casamento. O deus Himeneu, protetor das núpcias, foi convidado para abençoar a união, mas durante a cerimônia sua tocha fumegou, sinal de mau agouro. Ele pressente que uma tragédia recairá sobre os noivos, uma angústia de que a felicidade dos amantes durará pouco. Não suportando mais permanecer no local com suas tristes suspeitas, ele decide ir, mas Orfeu pede que ele fique, o que ele faz, mesmo sentindo a dor da separação do casal. A festa termina, e Eurídice, acompanhada de suas amigas ninfas, comemora e dança de felicidade nos campos próximos ao rio Pineios, na Tessália. Orfeu a aguarda no leito para consumar a união com o ato sexual, mais puro e íntimo símbolo de amor e unidade. O casamento, aqui, simboliza a integração entre os princípios masculino e feminino, a relação mais poderosa e representativa para Escorpião, que deseja mais do que tudo o contato profundo com o Outro.

 

François Perrier - Orphee devant Pluton et Proserpine

 

            Entretanto, os maus presságios de Himeneu se cumprem. O apicultor Aristeu passava por ali e, vendo-a banhar-se no rio completamente nua, sente um desejo violento de possuí-la. Ele a persegue, e Eurídice corre rapidamente pra fugir de sua investida. A mãe de Aristeu, a ninfa Cirene, assiste a tudo e, tomada de forte ciúme, transforma-se numa serpente venenosa e pica o calcanhar de Eurídice, que cai ao chão e poucos instantes depois morre. Sua alma desce silenciosamente aos subterrâneos dos Infernos, reino de Hades e Perséfone, residência final de todos os mortos. Na escuridão do Tártaro, ela chora a perda do amado. Orfeu, descobrindo seu corpo entre as árvores, fica desesperado de dor, tenta acordá-la, beija-lhe os lábios frios, canta suas doces melodias, mas nada trará Eurídice de volta. As ninfas companheiras da bela noiva vingam-se de Aristeu matando todas suas abelhas. Escorpião entrará em seu conhecido processo de morte, de purificação e transformação vital, necessária à renovação e perpetuação da vida. Os domínios de Hades representam o subconsciente do indivíduo, a transcendência do que é real e tangível, o reino do intocável, onde os mistérios da existência humana configuram-se como caracteres por vezes insolúveis, indecifráveis. É papel de Escorpião rasgar esse véu e expor o que é oculto, sombrio, incompreensível, e para tanto ele utilizará de seu dom nato para o entendimento do que está nas entrelinhas.

 

            Orfeu fica absolutamente transtornado de dor e sofrimento. Sua lira exprime as amargas sensações, emG. Kratzeinstein - Stub Orpheus and Eurydice melodias tão tristes que, por onde ele passava, as pedras, os rios, as árvores e os animais comoviam-se com seus sentimentos. As águas congelam e as cascatas param, e até mesmo os deuses e ninfas choram juntamente com ele, sentindo a dor mortal da perda de um ser amado. Orfeu clama seu pesar a todos as divindades e homens que encontra e, não obtendo resposta, decide descer ao Reino dos Mortos pessoalmente, para tentar resgatar sua amada. Ele não consegue viver sem Eurídice, ela é seu Outro Eu, sua contraparte e, de certo modo, sua obsessão. Por ela Orfeu fará tudo a seu alcance, se necessário até morrerá. Ele caminha em silêncio, em luto amargo, pelas florestas e grutas, sem comunicar-se com ninguém, fechado em si mesmo e em seu mortal objetivo. Finalmente chega ao sopé do Monte Tênaro, uma das entradas para o Inferno. Afasta-se da luz, e penetra nas sombras mortíferas dos corredores subterrâneos, em frio e silêncio sepulcrais. Logo avista as margens do lodoso rio Aqueronte, afluente do Estige, com suas águas tão antigas quanto a própria Terra. Na margem, o horrendo barqueiro Caronte, aguardando a chegada de uma alma recém-morta para fazer a travessia. Orfeu se apresenta, pedindo-lhe que o ajude na busca de sua amada, transportando-o para a outra margem, e Caronte prontamente lhe ordena que retorne de onde veio, pois ali apenas passariam os que estivessem mortos. Sem dizer palavra, Orfeu começa a tocar uma triste música em sua lira. O barqueiro emociona-se profundamente, recordando-se dos amores e agruras de sua vida mortal, e convida Orfeu a prosseguir em sua barca. Escorpião aprende que a humanidade é a principal via de acesso à transformação, e apenas através do sentimento de integração e conhecimento do lado sombrio de cada um, representada pela música, será possível ocorrer a mudança interna ou externa tanto almejada, já que todos temos as duas polaridades, positiva e negativa, em constante embate no mais profundo subconsciente do Ser.

 

Charles de Sousy Ricketts - Orpheus, Eurydice and Hermes            Orfeu chega aos portões da escura morada eterna, e depara-se com o monstruoso cão Cérbero, guardião imortal da entrada. O terrível animal de três cabeças percebe que tem diante de si uma alma em um corpo vivente, e late assustadoramente, rosnando para o herói, que imediatamente inicia uma seqüência de notas absolutamente inebriante em seu instrumento. Cérbero lentamente vai se acalmando, tornando-se tão manso quanto um cão doméstico, e por fim adormece, deixando a entrada livre para Orfeu. O herói passa então por multidões de fantasmas e miríades de almas atormentadas pelo sofrimento, gritando de dor e implorando por sua ajuda. Ele apenas passa entoando seus acordes, aliviando um pouco o horror lamentoso dos espíritos. A lição aprendida por Escorpião nesse ponto de sua descida ao inconsciente subterrâneo e que o doloroso processo de transmutação exige esforço, paciência e afinco, o que lhe é conferido pelo Modo Fixo. Para tanto, o indivíduo escorpiano não deve deixar-se levar por sentimentos corrosivos, como o ódio e a agressividade (Cérbero) e a depressão e recordação das coisas irresolúveis que já passaram (espíritos mortos).

 

            Finalmente, o herói chega ao imponente trono de escuridão dos Imperadores dos mortos, Hades e Perséfone. O deus imediatamente irrita-se ao ver uma criatura viva em seus domínios, e ordena-lhe uma explicação. Orfeu lhe responde com uma canção, acompanhado de sua lira:

 

            “Ó divindades do mundo inferior, para o qual todos nós que vivemos teremos que vir, ouvi minhas palavras, pois são verdadeiras. Não venho para espionar os segredos do Tártaro, nem para tentar experimentar minha força contra o cão de três cabeças que guarda a entrada. Venho à procura de minha esposa, a cuja mocidade o dente de uma venenosa víbora pôs fim prematuro. O Amor aqui me trouxe, o Amor, um deus todo-poderoso entre nós, que mora na Terra e, se as velhas tradições dizem a verdade, também mora aqui. Imploro-vos: uni de novo os fios da vida de Eurídice. Nós todos somos destinados a vós, por essas abóbadas cheias de terror, por estes reinos de silêncio, e, mais cedo ou mais tarde, passaremos ao vosso domínio. Também ela, quando tiver cumprido o termo de sua vida, será devidamente vossa. Até então, porém, deixai-a comigo, eu vos imploro. Se recusardes, não poderei voltar sozinho; triunfareis com a morte de nós dois.”

 

            A atmosfera do local transformou-se. As almas derramavam lágrimas enternecidas. Tântalo, apesar da sede, não tentou mais conseguir água, apenas para ouvir o maravilhoso som; Íxion parou de girar sua roda de fogo; as danaides descansaram do trabalho de encher a caldeirão vazado; Sísifo deixou de subir a montanha com a pedra, sentando-se nela para escutar. Até mesmo as Fúrias derramaram lágrimas cheias de ódio pela dor que sentiam ao ouvir a música. Perséfone também emocionou-se profundamente, e por fim Hades cedeu, derramando lágrimas de ferro. O rei manda buscar Eurídice dentre as multidões que rodeavam o trono. Ela chega fraca, ferida, coxeando, mas um sorriso ilumina sua face mortalmente pálida ao ver o amado. Perséfone consente que Orfeu a leve, mas o adverte de que deveria caminhar à frente da esposa durante todo o percurso até a entrada, sem olhar-lhe o rosto em nenhum momento, caso contrário, Eurídice retornaria às sombras. O casal prossegue por passagens íngremes e obscuras, enquanto Orfeu tocava suas alegres melodias para inferir vida em Eurídice. Orfeu sente um forte desejo de olhar a amada, uma ânsia insuportável de abraçá-la e conhecer seus lábios novamente. Quase próximos da superfície iluminada, ele não resiste e vira-se para trás, temendo que ela não estivesse seguindo-o. Encara por um momento a linda face fantasmagórica da esposa. Eurídice é imediatamente arrebatada, engolida pelas sombras mórbidas do Hades pela segunda vez, soltando um último suspiro de amor. E assim Escorpião chega a seu objetivo simbólico, ou seja, a transformação. Entretanto, deve entender que de nada adianta a conclusão do longo e profundo processo se este não for efetivado de modo gradual, lento e cuidadoso. Os extremos a que chega Escorpião podem levá-lo a perder repentinamente tudo o que construiu com tanto ardor, e para tanto deverá aprender a habilidade de adiar o ardor do momento de integração total, em que ele ressurgirá como a fênix das cinzas.

 

            Orfeu até tenta retornar o Inferno, mas Caronte nega-lhe passagem peremptoriamente. Tal era sua obsessão Emile Levy - Death of Orpheuspor Eurídice, que ele deixa-se ficar ali às margens do Aqueronte por sete dias, em súplicas e choros amargos, acusando de crueldade as divindades da escuridão. Depois de retornar à superfície, manteve-se alheio às outras mulheres, tal era a dor pelo seu infortúnio, a perda de sua amada. Um grupo de ninfas Mênades da Trácia se apaixona pelo rapaz, e cada uma delas tenta de tudo para seduzi-lo. Ele, entretanto, as trata com fria indiferença, fiel à memória da esposa. Certo dia, excitadas pelos ritos de Dionísio, uma delas exclama: “Ali está aquele que nos despreza !”, lançando-lhe seu dardo, que mal chega próximo da música da lira de Orfeu e já cai ao chão, completamente inutilizado pelo irresistível som. O mesmo ocorre com as pedras que lhe são atiradas. As mulheres, então, enfurecidas, começam a gritar, abafando o som da música, e em pouco tempo os dardos acertam Orfeu, derramando seu sangue. Elas rasgam as vestes do músico, enlouquecidas, e depois despedaçam seu corpo, atirando sua cabeça e sua lira, que continuava tocando, no rio Hebrus. As nove musas reúnem tristemente as parte do corpo de Orfeu, enterrando-o em Limetra, onde, a partir daí, o rouxinol canta suavemente. A lira foi colocada por Zeus entre as estrelas. Mas Orfeu finalmente está feliz. Ele reencontrou seu grande amor nas sombras do Tártaro, e agora pode olhá-la e abraça-la o tempo que quiser. As Mênades são transformadas em carvalhos, condenadas a viver por anos a fio presas firmemente à terra, ouvindo a suave música do vento, que lembra os sons da lira de Orfeu.

 

            Essa última parte do mito associado a Escorpião nos lembra que, na busca de nossos objetivos e metas, devemos manter a fidelidade, persistência e tenacidade representadas por Orfeu, que não sucumbe às investidas das Mênades, os desejos e sentimentos das camadas obscuras da personalidade. No fim, entendemos que na vida não há caminho de retorno consciente, ou seja, o que está feito está consumado, e não pode ser revertido. Eurídice estava morta, e não retornaria jamais. Por isso, é necessária a transformação através da morte simbólica de Orfeu, a superação das coisas irreversíveis, e o entendimento profundo e inquestionável que apenas as experiências da vida podem trazer. É interessante perceber que, na Grécia Antiga, havia uma religião de formas um tanto heréticas, o Orfismo que, segundo se diz, teria sido fundado pelo próprio Orfeu, após o seu retorno do Mundo dos Mortos. Era uma religião de acentuadas características escorpianas, já que relacionava-se principalmente à morte, à ressurreição e à reencarnação, elementos que, inquestionavelmente, são as mudanças e transformações mais significativas e enigmáticas que existem.

 

Imagens:

Eurydice by Boris Vallejo

Nymphs finding the Head of Orpheus by John William Waterhouse

Orphee devant Pluton et Proserpine by François Perrier

Orpheus and Eurydice by G. Kratzeinstein-Stub

Orpheus, Eurydice and Hermes by Charles de Sousy Ricketts

Death of Orpheus by Emile Levy

Escorpião – Paixão e Poderosa Complexidade

•11 de novembro de 2008 • 4 Comentários

Scorpy by blitzmanEscorpião é o oitavo signo do Zodíaco. Após o sofisticado equilíbrio social e intelectual estabelecido por Libra, inicia-se o processo de aprofundamento total no Outro, um mergulho de corpo e alma nos mistérios da vida, do amor, da morte, o desafio da transformação eterna, destruição e ressurreição. Seu elemento é a Água, e seu modo é Fixo. Nos tempos antigos era regido por Marte, mas o longínquo e frio Plutão, descoberto em 1930, é seu regente atual. Urano está exaltado em Escorpião, Vênus encontra seu exílio e a Lua sua queda. Suas representações são o escorpião, o lagarto, a águia, a fênix e a serpente. Entre as pessoas mais famosas com o Sol em Escorpião estão Pablo Picasso, Carlos Drummond de Andrade, Bill Gates, Julia Roberts, Leonardo DiCaprio e Grace Kelly.  

 

            Os sentimentos fortes – paixão – as transformações abruptas e irredutíveis – morte – e os atos de complexa significância psicológica – sexo – têm forte relação com Escorpião. É um signo voltado ao relacionamento, mas por influência do Elemento Água, o que o torna intensamente sentimental e desejoso de uma ligação profunda com o Outro, algo além da vida e da morte, algo que o fará entrar em contato com uma libertação total das amarras que o prenderam ao controle emocional exercido outrora pela família, representada pelo estágio anterior do elemento aquático, Câncer. As relações são levadas para um campo de transmutação pessoal e inter-pessoal, um processo de renascimento de emoções psicologicamente ligado à necessidade de contato e profundidade emocional. O modo Fixo de Escorpião também o relaciona de algum modo aos sentimentos fixos, obsessivos, como o ciúme, o rancor, a mágoa, o ódio. As pessoas com esse signo forte no mapa astral por vezes têm certa tendência a concentrar sentimentos em uma única coisa, relacionamento ou situação de suas vidas, tornando-os uma verdadeira obsessão. A regência de Plutão torna a transformação de fundamental importância para o escorpiano, pois é através dela que ocorre a reciclagem de emoções, situações e relacionamentos que não servem mais e que necessitam de renovação, espiritual ou carnal. Essa transformação não será fácil, já que é um signo Fixo, e constantemente Escorpião terá de passar por um período de crise, de escuridão e morte, de descida aos corredores subterrâneos da mente, antes que ocorra o renascimento da consciência que trará a quebra dos padrões subconscientes acumulados durante a vida e, por fim, a suprema sabedoria (representada pela serpente). Essa sabedoria serpentina e escorpiana não é acessível aos aspectos intelectuais e lógicos, mas tem relação com os mistérios profundos, não revelados e ctônicos da vida, obtidos através dos sentimentos e experiências psicológicas, representados pelo Elemento Água.

 

            A combinação da regência de Plutão e a exaltação de Urano torna Escorpião um signo de extremos, de quebra de tabus, de avanço até as últimas conseqüências. Não existem meios-termos, eufemismos para Escorpião. Há uma forte demanda de controle emocional nesse signo, que concentra internamente seus ódios e sentimentos negativos. As forças de vida e morte estão em constante embate no interior do escorpiano, e ele percebe muito claramente os lados inferiores das pessoas, sendo sempre confrontado por eles em seus pensamentos mais profundos. A Lua, regente das marés infinitas dos sentimentos, está em queda. Desse modo, uma outra característica do mapa influenciado por Escorpião é o controle, por vezes exacerbado, que é exercido sobre o indivíduo com o intuito de impedir que as energias emocionais violentas e incontroláveis deságüem despudoradamente. Vênus, o planeta da beleza e do amor, encontra-se exilado em Escorpião. Isso significa que esse é um signo que não possui a influência das energias um tanto volúveis ou fúteis de Vênus, representadas pelo desejo de beleza e relacionamentos nem sempre duradouros. De fato, Escorpião não tem nada de superficial, e pode-se dizer que é o arquétipo astrológico mais profundo de todos. Conseqüentemente, uma das piores coisas a se fazer com Escorpião é traí-lo, pois dificilmente haverá perdão.

 

            O amor, para esse signo, é apaixonado, intenso, visceral, um mergulho no Outro. O relacionamento para a pessoa de Escorpião forte no mapa astral será muito romântico, com forte carga sexual e dependência emocional, mas muitas vezes, algumas coisas podem ser escondidas por parte do escorpiano, que teme perder o controle. A confiança mútua poderá ser um pouco minada, já que a Lua e Vênus, os planetas que regem a conciliação e adaptação nos relacionamentos, estão em terreno perigoso. E aí poderá surgir o ciúme, que numa situação de desconfiança crescerá até engolir todo o relacionamento. As necessidades físicas de Escorpião são muito fortes, Plutão exige que haja uma forte ligação entre as pessoas para que a relação seja coisa que valha.

 

            Profissionalmente, Escorpião estará bem colocado em áreas que envolvam uma dose de emotividade (Elemento Água), resistente e imobilizada (Modo Fixo), ou seja, sangue frio, autocontrole e riscos calculados. Plutão combina-se com Marte, e ambos relacionam-se ao poder, à agressividade, à transformação, à recriação, à revelação de mistérios e às situações de limite entre a vida e a morte. Urano exaltado rege a coletividade e o fim dos preconceitos. Com essas combinações, as profissões mais favoráveis ao signo são a medicina, a cirurgia, a psicologia, a psicanálise, a química, a pesquisa, a administração pública e todas as áreas que sejam direta ou indiretamente a elas ligadas.

 

            Pelo lado negativo, Escorpião pode ser destrutivo, controlador em excesso, possessivo, desconfiado e pode guardar sentimentos dolorosos por muito tempo. Isso demonstra, mais uma vez, a necessidade de renovação e transmutação da pessoa com esse signo em evidência do mapa natal. As transformações da vida podem ser situações dolorosas e incômodas, mas o ensinamento de Escorpião é que podemos passar por elas, descermos ao mais profundo nível de tristeza e depressão, e ressurgirmos novamente, como a fênix das cinzas, com forças renovadas e vontade estabilizada, para enfrentarmos as marés imprevisíveis da existência.

 

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Scorpy by blitzman

31 de outubro – Halloween / Samhain / Dia das Bruxas

•31 de outubro de 2008 • 5 Comentários

            Quem nunca assistiu a um filme em que crianças fantasiadas batem de porta em porta e perguntam: “Travessuras ou Gostosuras” ? Ou então não se encantou com as centenas de séries, filmes e desenhos animados com seus magos, bruxas e afins ? Ou não se assustou com algum filme de terror em que um serial killer mascarado escolhe uma data do ano para atacar e matar quem estiver em seu caminho ? Isso tudo tem estreita relação com uma famosa data celebrada no dia 31 de outubro: O Halloween, ou Dia das Bruxas. O Halloween, como nós o conhecemos, tem suas origens nas regiões da Gália e as ilhas da Grã-Bretanha, por volta dos anos 600 a.C. a 800 d.C., mas inicialmente não era relacionado à bruxaria. A data, na realidade, é um dos festivais do calendário celta, a comemoração do Samhain (pronuncia-se Souen ou Sauáin, significa literalmente “fim do verão”, em irlandês), que celebrava o fim do verão e ocorria entre os dias 30 de outubro e 7 de novembro. Podemos dizer que o Halloween tem duas origens distintas: a pagã e a cristã.

 

            A religião celta, o druidismo, não tinha registros escritos. Tudo era transmitido oralmente e, portanto, perdeu-se um pouco do conhecimento sobre os significados de determinados conceitos religiosos. Muitos historiadores discordam com relação a determinadas afirmações sobre as tradições religiosas célticas. O que se sabe é que o Samhain era uma festa que comemorava o fim do verão, o início de um novo ano e o final da terceira e última colheita. Começava-se também o armazenamento das provisões para o inverno, que lentamente se aproximava. Uma das bases da sociedade celta era o pastoreamento de ovelhas e gado. No final de outubro o tempo esfriava mais, e os pastores traziam seus animais para pastos mais próximos de sua casa, o que geralmente representava significativas mudanças na rotina diária. Nos meses do outono e do inverno, todos passavam mais tempo juntos, dentro ou próximo de suas casas, realizando artesanatos, trabalhos domésticos e armazenando comida. De acordo com a tradição celta, a mudança era considerada como um momento em que as coisas transitam de um estado para outro. O ponto de equilíbrio entre os extremos era muito caro à filosofia celta, e o fim do verão era uma representação disso, portanto, tinha propriedades ditas “mágicas”, ou seja, uma abertura ou conexão com os mortos, que haviam passado pela última e fatal mudança. Como era uma data que ficava a meio caminho do solstício de verão e o de inverno, os celtas a relacionavam ao momento em que o véu entre os mundos – dos vivos e dos mortos – é mais tênue, e assim, é um festival dos antepassados, a época de se ligar aos espíritos e aos mais velhos. A celebração era presidida pelos sacerdotes druidas, que atuavam como médiuns, incorporando espíritos para que esses pudessem falar com seus familiares e amigos. Enormes fogueiras eram construídas, e as pessoas se reuniam para queimar oferendas às deidades. Durante a comemoração, os druidas usavam trajes específicos, geralmente constituídos de peles e cabeças de animais. Acreditava-se também que os espíritos dos mortos naquele ano retornavam para visitar seus antigos lares e guiar os familiares ao Outro Mundo e que, algumas vezes, esses espíritos procuravam corpos vivos para possuir e usar pelo tempo que quisessem. Desse modo, na noite de 31 de outubro todas as tochas e fogueiras eram apagadas, o ambiente tornava-se hostil e escuro, e as pessoas vestiam-se com fantasias, folhas e galhadas, desfilando em procissão pelas ruas para assustar os que procuravam corpos para possuir. Sabe-se também que os celtas veneravam a constelação das sete estrelas, as Plêiades, que alcançam seu ponto mais alto no céu setentrional no dia 31 de outubro, e depois desciam lentamente para o Hemisfério Sul. Por isso, havia a crença de que o verão sempre voltaria e terminaria com o surgimento das Plêiades. Todas essas tradições foram adotadas pelos romanos, que invadiram as Ilhas Britânicas por volta de 46 a.C. Posteriormente eles abandonaram os costumes, substituindo-os por outros. Com o advento do cristianismo, a religião celta foi aos poucos desaparecendo, e em meados do século II d.C. ela praticamente não existia mais, restando apenas alguns resquícios das celebrações originais. É necessário dizer que, entre os celtas, o Halloween não tinha uma relação específica com a bruxaria. Entretanto, os povos célticos da Irlanda que migraram para os Estados Unidos no início da colonização levaram as tradições do Samhain, e a festa logo ganhou aceitação local, mesclando-se às histórias de bruxas contadas pelos índios norte-americanos e, mais tarde, às crenças em magia negra e vodu que permeavam as religiões dos escravos africanos.

 

            A origem cristã do Halloween também é controversa. Sabemos que a Igreja Católica sempre homenageou seus mortos, e caso a pessoa seja de fato muito virtuosa ou realize milagres em vida, ela ganha o direito de ser canonizada e se tornar “santa”, intermediária entre Deus e o Homem, capaz de realizar milagres no plano físico. Geralmente esses santos são homenageados pelos católicos em seus “dias” específicos, geralmente seu aniversário de morte. Entretanto, como são milhares de santos, por vezes é impossível estabelecer datas celebrativas para todos. Sabe-se que, desde o século IV, a Igreja da Síria consagrava um dia à celebração de Todos os Mártires. No século VII, o Papa Bonifácio IV transforma um templo romano dedicado a todas as divindades (chamado de Panteão) em uma Igreja dedicada a Todos os Santos, ou seja, a todos que o precediam na fé. Ele estabelece também o Dia de Todos os Santos, com o intuito de homenagear todos os canonizados em uma mesma data, no caso, 13 de maio. Mais tarde, no século VIII, o Papa Gregório III transfere a data para 1º de novembro, dia da dedicação da Capela de Todos os Santos na Basílica de São Pedro, em Roma. Em 840, O Papa Gregório VII ordena que esse dia seja celebrado universalmente, tornando-a uma festa de grandes proporções. Para tanto, havia uma celebração vespertina (ou vigília) na noite do dia 31 de outubro, o que estava de acordo com as tradições judaicas, em que os dias santos eram considerados do pôr-do-sol de um dia ao pôr-do-sol do dia seguinte. Essa vigília era chamada de All Hallows’ Even, ou seja, Noite de Todos os Santos, véspera do All Hallows’ Day (Dia de Todos os Santos). A palavra “Hallow”, em inglês arcaico, tinha o significado de “pessoa santa”. Com o tempo a Noite de Todos o Santos passou de All Hallows’ Even a Hallowe’en até chegar ao que conhecemos hoje, o Halloween. É senso comum entre os historiadores de que a mudança de data para 1º de novembro era parte de uma antiga política da Igreja Católica de associar tradições não-cristâs ou pagãs a suas festividades, com o firme intento de converter mais pessoas à fé cristã, mesmo que isso significasse alterar o calendário religioso para que esse correspondesse às datas pagãs. Com a incorporação do Samhain ao Dia de Todos os Santos, a Igreja também acabou incorporando determinadas tradições célticas às celebrações do Dia de Todos os Santos, o que ajudou a trazer para o Cristianismo católico os descendentes dos Celtas, principalmente irlandeses. Entretanto, a coloração espiritual ou sobrenatural da data ainda ficou muito forte e, com a disparidade de religiões, a Igreja cria o Dia de Finados no século XIII, com a intenção de homenagear os mortos cristãos. No catolicismo, são feitas orações aos entes queridos que estão no purgatório, período de purificação (através do sofrimento) pelo qual as almas passam para posteriormente entrarem no Céu. Apesar da introdução de mais esse feriado, continuou a curiosidade dos cristãos em relação aos espíritos dos mortos que voltava, vez que essa era a idéia básica da festividade original do Samhain. Assim, a Igreja passa a associar esses espíritos a demônios ou criaturas do mal, e por isso o Halloween apresenta algumas vezes imagens tão horripilantes.

 

Tradições

            O Halloween, como é celebrado atualmente, apresenta muitas diferenças se comparado à festa original, restando apenas a alusão aos mortos, ainda que fracamente. Aos poucos foram sendo incorporados à data elementos estranhos de diferentes origens, que se popularizaram rapidamente, principalmente nos Estados Unidos e no Canadá, Isso transformou o Halloween em um evento principalmente comercial e cultural dos norte-americanos, que o têm como uma tradição muito especial, perdendo apenas para o Natal e o Dia de Ação de Graças.

 

 

            Dentre as tradições acrescidas, temos, por exemplo, o costume de se fantasiar ou “disfarçar”, que possivelmente teve origem na França entre os séculos XVI e XV. Nessa época, a Europa era cruelmente flagelada pela peste bubônica, que dizimou um terço de sua população. Diariamente milhares morriam, e a cura para a doença parecia simplesmente não existir. Isso aumentava consideravelmente o temor e a preocupação das pessoas em relação à morte. A Igreja rapidamente reagiu, multiplicando as missas realizadas no Dia de Finados e Todos os Santos. Nasceram também representações artísticas de caráter burlesco ou satírico, chamadas de Danças da Morte ou Danças Macabras. Na véspera de Finados, alguns fiéis enfeitavam os cemitérios com desenhos ou pinturas do Diabo puxando alegremente uma fila de pessoas para dentro das tumbas, fossem elas reis, cavaleiros, damas, mendigos ou camponeses porque, afinal, a morte não faz distinções de qualquer espécie. Além disso, também eram encenadas representações teatrais, com pessoas que se fantasiavam de diferentes personalidades e também de Morte ou Diabo, à qual todos os outros personagens deveriam apresentar-se. Esse costume de se fantasiar na Noite das Bruxas se mesclou a outro, o de pedir doces sob a ameaça de uma travessura”. Na Idade Média, uma das práticas populares do Dia de Finados era pedir “bolos das almas”, sobremesas de massa geralmente simples com coberturas de groselha. Quem pedia esses bolos eram as crianças, que passavam de porta em porta vestindo fantasias chamadas “soulings” (uma referência à palavra “alma”, ou “almejar”). Para cada bolo ganho, era ofertada uma oração aos familiares da pessoa que lhe dera o bolo. Essas eram as orações que ajudariam as pessoas a saírem do purgatório e irem para o Céu. Uma outra origem possível para essa tradição é inglesa, no período histórico de perseguição protestante contra os católicos (mais ou menos de 1500 a 1700). Os católicos ingleses haviam sido privados de seus direitos legais, não podendo exercer nenhum cargo público e tendo pesadas multas, impostos e prisões contra eles. Celebrar a missa era pena capital, e centenas de padres sofreram as conseqüências da desobediência. Logo houve uma tentativa um atentado contra o rei protestante Jorge I, em que o objetivo era explodir o Parlamento e matá-lo, gerando um levante de católicos contra a opressão. Os católicos conspiradores esconderam 36 barris de pólvora nos subterrâneos da Casa dos Lordes. O plano ficou conhecido como “Gunpowder Plot” (“Conspiração da Pólvora”), e foi rapidamente descoberto em 5 de novembro de 1605, quando um católico convertido chamado Guy Fawkes foi pego escondendo pólvora em sua casa. Ele foi enforcado logo em seguida. A data de sua morte tornou-se uma grande festa na Inglaterra, que ainda é celebrada atualmente, principalmente com fogueiras. Alguns protestantes comemoram usando máscaras e visitando os amigos e parentes católicos, exigindo-lhes cervejas, doces, ou pastéis. A festa foi trazida para os Estados Unidos pelos colonos, que a uniram ao Halloween, já introduzido pelos imigrantes irlandeses. A frase “travessuras ou gostosuras” (em inglês, “trick or treat”) também é originária dos irlandeses, que a popularizaram nos Estados Unidos.

 

            Existem também algumas evidências históricas de que “travessuras ou gostosuras” tenha sido uma atividade comum da tradição celta original. Já sabemos que eles vestiam fantasias demoníacas, desfilando pelas cidades para afugentar os espíritos vagantes que desejavam corpos. Além disso, as crianças iam caminhando de porta em porta, pedindo lenha para uma enorme fogueira, que seria o centro da celebração, sendo apagadas todas as outras fogueiras e lampiões do vilarejo. No fim da festa, cada um levaria para casa um graveto com uma chama da fogueira central, como símbolo da unidade entre as pessoas do local. É possível também que os sacerdotes druidas se vestissem como os deuses, incorporando as características de um ou outro, e também existe a possibilidade de que eles passavam de casa em casa pedindo comida como oferenda às divindades. Alguns historiadores aceitam evidências de que os celtas realizavam sacrifícios de animais e até mesmo humanos em suas celebrações. Essas evidências não são convincentes, já que os principais relatos desses costumes rituais são do imperador romano Júlio César, que conquistou a Gália e a Bretanha, registrando tudo o que descobriu sobre as novas terras. De acordo com ele, os druidas criavam enormes esculturas feitas com galhos e ramos de árvores, queimando as pessoas ali dentro. É consenso entre muitos estudiosos que César pretendia desmoralizar os druidas por despeito, já que eles resistiram fortemente à invasão romana, podendo muito bem ser uma visão preconceituosa contra os povos “bárbaros”, que não faziam parte das fronteiras do Império.

 

            Quanto às “travessuras”, podemos dizer que os celtas acreditavam em diversas criaturas travessas, como fadas, duendes e elfos, e o Halloween, como momento de transição entre os mundos, seria o dia que essas criaturas escolhiam para fazer suas brincadeiras. Dizia-se, por exemplo, que se uma pessoa atravessasse um outeiro numa noite de luar, ela ficaria presa Reino dos duendes, onde o tempo não passa. Podemos também supor que a véspera do Ano Novo celta era igual à nossa, ou seja, as pessoas bebiam exageradamente, se divertiam e faziam besteiras, uma espécie de “loucura coletiva”. A tradição das travessuras, segundo essa concepção, seria simplesmente o espírito de farra que permeava o último dia do ano.

 

A abóbora iluminada

            Já sabemos que no fim da festa de Samhain os celtas levavam para casa uma brasa da fogueira comunitária central. Geralmente eram utilizados nabos ocos para o transporte, uma espécie de lanterna que lembrava muito as abóboras utilizadas na comemoração do Halloween. Essa não é, entretanto, a origem direta do costume de iluminar abóboras recortadas com feições humanas. O folclore irlandês do século XVIII era muito rico em superstições, tradições e cultura celta, que fazia parte significativa da cultura nacional. Um dos mitos mais conhecidos dos irlandeses era o do Jack Miserável, um personagem muito popular.

 

            De acordo com a lenda, Jack era um velho fazendeiro alcoólatra, muito grosseiro, e um avarento de péssima reputação. Numa noite de 31 de outubro, ele bebeu demais e o Diabo em pessoa veio levar sua alma. Jack lhe implora mais um copo de bebida antes de ser levado ao Inferno, e o Diabo atende seu pedido. Como estava sem dinheiro para pagar o trago, ele pede ao demônio que se transforme em uma moeda, no que ele concorda. Quando vê a moeda sobre a mesa, Jack a coloca rapidamente em uma carteira que possuía o fecho em formato de cruz, impedindo Satã de sair. O Diabo, furioso, ordena que Jack o tire dali, e o trapaceiro lhe propõe um acordo: libertá-lo em troca de ficar na Terra por mais um ano. Sem opções, o Diabo concorda. Jack até tenta mudar de conduta, mas acaba voltando a ser o velho beberrão violento de sempre. No ano seguinte, como prometido, o Diabo lhe aparece na Noite de Todos os Santos, desta vez para levá-lo definitivamente. Espertalhão, Jack convence o demônio a subir em uma árvore para pegar umas maçãs, a última refeição que ele faria. Ele faz cruzes no tronco da árvore com seu canivete, impedindo novamente o Diabo, que promete desaparecer por dez anos se fosse liberto. Jack não aceita, e exige que o Diabo não lhe aborreça nunca mais, deixando-o em paz para sempre. O Diabo acaba aceitando, e Jack o deixa descer da árvore. No ano seguinte, por azar, ele acaba morrendo. Sua alma, ao chegar no Céu, é prontamente barrada, já que ele teve péssima conduta em vida, cheia de pecados e erros incorrigíveis. Jack tenta entrar no Inferno, mas o Diabo, para honrar o acordo, e talvez temendo mais uma trapaça, também não o aceita. Desse modo, Jack é condenado a vagar pela eternidade no Limbo entre os Reinos da Terra, do Céu e do Inferno. Assim que Satã o rejeita, ele lhe joga uma brasa para iluminar seu caminho no escuro e tenebroso Limbo. Jack coloca o fogo dentro de um nabo oco, e sai vagando pelos entre-mundos. A lenda diz que sua alma penada, conhecida como Jack O´Lantern, vaga pela Terra carregando sua lanterna na Noite de Todos os Santos, em que os véus entre os mundos caem. As lanternas feitas com nabos ocos e brasas ou velas dentro eram muito populares entre os escoceses e irlandeses, que as penduravam nas portas de casa e jardins para evitar Jack e outros espíritos errantes do Halloween, alem de também serem representações das almas falecidas. As famílias desses povos que emigraram para a América levaram essa tradição folclórica, substituindo os nabos pelas abóboras, que eram mais abundantes e mais fáceis de cortar. Logo surgiu a idéia de criar caras assustadoras e outros desenhos artísticos nas abóboras, um costume preservado até os dias de hoje. Interessante lembrar que a cabeça, para os celtas, era o centro do intelecto e da mente, sendo a parte mais poderosa do corpo, o que talvez justifique a transformação da abóbora na cabeça de Jack. Quanto a ele, provavelmente continua vagando pelo Limbo, e no Dia das Bruxas, faz sua visita à Terra… J

 

As Bruxas e outras tradições

            A festa do Halloween, principalmente nos Estados Unidos e Canadá, se desenvolveu enormemente após 1800, quando os imigrantes irlandeses a importaram da Europa. A partir daí, muitas coisas relacionadas à festa mudaram, surgiram novas tradições e novos costumes. Entretanto, o tema principal do Halloween é o mesmo, ou seja, o mistério que existe entre a vida e a morte. Principalmente nos Estados Unidos, criou-se toda uma cultura de massa envolvendo o dia 31 de outubro, com diversos filmes de Hollywood, casas assombradas abertas à visitação, lendas urbanas, milhares de cartões, fantasias e decorações assustadoras. O faturamento total do comércio nessa data só perde para o Natal. As crianças se divertem com suas fantasias, brincando de travessuras ou gostosuras, e os adultos por vezes também se fantasiam para acompanhá-las na brincadeira. Psicologicamente, diz-se que esse é um saudável costume, já que as fantasias de monstros, fantasmas, vampiros e bruxas representam justamente os medos e horrores das pessoas, e travestir-se com eles pode ajudar a eliminá-los. Muitos jogos também são comuns, como a brincadeira de morder a maçã, originária de antigas práticas divinatórias dos celtas. Nesse jogo, as frutas flutuam em bacias grandes cheias de água ou banheiras, e o participante que conseguir morder a maçã primeiro vence. Entre os celtas, isso era sinal de que a pessoa logo se casaria, e ainda hoje, os jogos mais comuns das festas de Halloween envolvem futuros romances. A data também é muito aproveitada para o lançamento de filmes ou livros de horror, além de episódios especiais de séries famosas, que se utilizam da data para a criação de roteiros.

 

            Uma outra figura também se tornou fundamental no Halloween: a Bruxa. Com a união da cultura européia de raízes célticas dos irlandeses com as religiões afro-americanas dos escravos, a bruxaria tornou-se rapidamente um fator-chave para o Halloween. As superstições em relação a feitiços, encantamentos e vodu aumentaram cada vez mais, e é comum encontrarmos histórias de horror envolvendo bruxas nessa época do ano. O neopaganismo moderno, do qual destaca-se a religião Wicca, considera o Halloween como um dos oito Sabats, ou cerimônias sazonais, comemorados pelos praticantes no decorrer do ano. Para os wiccanos, o Samhain é o momento em que o Deus consorte da Divina Mãe morre, deixando a Terra solitária, já que o Sol aos poucos vai perdendo a força e o vigor. A Deusa então envelhece, tornando-se a imagem da Velha Sábia, a bruxa. O Deus retornará no próximo Sabat, o Yule, ou Solstício de Inverno, no dia 25 de dezembro.

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Filmes para entender melhor o Halloween:

Halloween (1978 – 2002, a série toda), de John Carpenter

Elvira, a Rainha das Trevas (1988), de James Signorelli

Abracadabra (1993), de Kenny Ortega

Da Magia à Sedução (1998), de Griffin Dunne

A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), de Tim Burton

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Imagens

The Magic Circle by John William Waterhouse

The Incantation by Francisco de Goya y Luciente

Three Witches in The Air by Francisco de Goya y Luciente

Witches´ Sabbat by Francisco de Goya y Luciente

Drácula – Bram Stoker

•25 de outubro de 2008 • Deixe um comentário

Opinião e resumo:

Existem muitas coisas acerca desse livro que o fazem um clássico da literatura mundial. Primeiramente, se não houvesse Drácula, não teríamos todas as fantásticas histórias de vampiros e afins que temos atualmente, representadas pelas centenas de livros e filmes dedicados ao assunto. Bram Stoker praticamente recriou o mito do vampiro segundo sua própria perspectiva criativa, iniciando desse modo uma nova vertente do horror: a criatura que suga sangue, o monstro sedutor da noite. O livro é fabuloso em muitíssimos aspectos, desde a narrativa em forma epistolar (cartas, diários e jornais) até as cenas com suas descrições absolutamente hipnóticas, os personagens heróicos, e o vilão fantasticamente diabólico. Lançado em 1897, o romance gótico foi também bastante inovador, se levarmos em consideração a época em que foi escrito. Notamos claramente que existem certos temas muito “modernos” defendidos na obra, como o feminismo e a emancipação da mulher e a imigração, além da óbvia valorização da cultura e do folclore dos povos que habitavam a região da Transilvânia, cenário de determinados capítulos. No início nos vemos cercados por paisagens mórbidas e sombrias, aldeões supersticiosos, cocheiros misteriosos e lobos infernais, tudo isso nas fabulosas palavras escritas no diário do personagem Jonathan Harker, que é prisioneiro inquestionável do famoso Conde, a quem foi enviado para tratar de transações advocatícias. Jonathan se vê enclausurado no poderoso castelo de Drácula, à beira de um imenso precipício nos confins da Transilvânia. Conforme passam os capítulos, vemos seu desespero crescer com a descoberta de que Drácula simplesmente não era humano, e o surgimento de mais três damas chupadoras de sangue aumenta ainda mais seu terror; Entretanto, ele descobre a tempo que a intenção verdadeira de Drácula era ir para Londres, e para tanto ele utilizaria enormes caixotes contendo terra do local, sem o qual não poderia sobreviver. Assim que o vampiro parte do castelo, ele faz uma tentativa desesperada de fuga, que mais para o meio do livro descobrimos ser bem-sucedida. Daí pra frente a obra trata das tentativas do Conde de chegar a Londres e encontrar a mulher perfeita, sua “amada imortal” a quem pudesse transformar em vampira e compartilhar a eternidade com ele. Vários personagens são acrescidos, alguns deles inesquecíveis, como a pobre Lucy Westenra, que acaba sendo mesmo transformada e posteriormente morta; e o Dr. Van Helsing, o médico alemão com seus mirabolantes ‘métodos’ para a cura dos infectados pelo Conde: os já conhecidos alho, cruz, estaca, água benta e hóstia sagrada. Alguns desses ‘métodos’, diga-se de passagem, são extremamente rudimentares, evidenciando a época em que o livro foi escrito. As transfusões de sangue assistidas por Van Helsing, por exemplo, são realizadas a torto e a direito em muitas cenas, e os personagens parecem não levar em conta a rejeição de um sangue para outro, o que nos dá a certeza de que, no fim do século XIX, a medicina era exercida com certa dose de sorte e uma crença quase religiosa de que os remédios funcionariam para seus devidos fins. Mas isso não atrapalha o desenvolvimento da narrativa, que prossegue com vigor até o seu clímax, quando todos os personagens se reúnem para destruir o monstro sanguinolento. Quando Mina Harker é finalmente atacada por Drácula, os personagens masculinos, ou seja, Jonathan Harker, Quincey Morris, Lorde Godalming, Arthur Holmwood, Dr. Seward e Van Helsing, elaboram um plano de ataque para cercar a criatura, eliminando um a um os caixotes que esta deixara espalhados por Londres. Isso vai culminar na morte do Conde, que teve sua cabeça cortada nas proximidades de seu castelo, em um final realmente glorioso narrado no diário de Mina. A narrativa é bastante empolgante em alguns pontos, e é possível notar com clareza que o livro é uma óbvia inspiração para inúmeras interpretações cinematográficas, teatrais, musicais e artísticas ao longo dos anos. Vale a pena ler. Quem quiser baixar clique aqui ou no link no fim do post.

 

Sinopse:

Uma incrível história povoada por lugares misteriosos e criaturas fantásticas. Um conde tremendamente cruel, o dono da escuridão, senhor do poder maligno. Um povo esquecido pela civilização, um mundo de superstições e, em meio a tanto mistério e sentimentos sombrios, o amor nasce. O amor é capaz de vencer as trevas ? Mortais são capazes de enfrentar criaturas eternas que habitam algum lugar entre o paraíso e o inferno ? Lenda ou verdade ? Mito ou criatura de um mundo desconhecido ? Histórias de vampiros são tão antigas quanto a humanidade. Histórias de amor são tão antigas quanto a própria vida. Em Drácula, o amor e o medo caminham lado a lado. Essa é uma aventura que mexerá com seus nervos e tocará os cantos mais silenciosos de sua alma. Entregue-se a esse mundo misterioso, à essa ilusão e mergulhe no desconhecido.”

 

Download:

http://www.4shared.com/file/15577530/9db4497e/Bram_Stoker_-_Dracula.html?s=1

 

Talamasca – Obsessive Dream (2007)

•22 de outubro de 2008 • Deixe um comentário

Talamasca (Cedric Dassulle) é um famoso produtor francês, é um veterano da música eletrônica mundial. Seu trabalho sempre me impressionou muito por causa das misturas fantásticas do psy trance full on “morning” com outros estilos mais exóticos, como a música clássica e o rock. O psy foi uma descoberta meio recente para mim, e eu aprecio muito o som de alguns artistas específicos, mas não de todos que aparecem no mercado, até porque alguns sons são muito comerciais. O que eu posso dizer é que Talamasca tem um som de muita qualidade; Cedric tem formação de pianista clássico, e não é de surpreender que suas músicas tenham uma melodia tão inebriante. O álbum duplo Obsessive Dream foi lançado em comemoração aos 11 anos do projeto, e as batidas eletrônicas são absolutamente atmosféricas e hipnóticas. No CD 1, cada músicas foi trabalhada individualmente, e no CD 2 o projeto recebeu colaborações de outros grandes nomes, como Skazi, Spacecat, GMS e Eskimo. Os destaques são a própria Obsessive Dream, que serviu de inspiração para a idéia deste blog, My Destiny, Flashback, Overload e Party Generation, com suas guitarras fantásticas. Nas colaborações, Imaginary Friend e a maravilhosa Frenchman In Tokyo são as grandes pedidas. O álbum fecha com um lounge de Talamasca e Yuman, Ambient ´N´Roll, que também vale muito a pena.

 

Faixas:

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CD1
01. Talamasca – Obsessive Dream 08:45
02.
Talamasca – Get It All 07:35
03. Talamasca – My Destiny 07:21
04.
Talamasca – Feelings 07:47
05. Talamasca – Supernatural 08:20
06. Talamasca – Flashback 07:24
07. Talamasca – Overload 07:09
08. Talamasca – Spiritual Renewal 07:12
09.
Talamasca – Party Generation 07:43
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CD2

01.Talamasca Vs Spacecat – On Purpose 08:06
02. Talamasca Vs XSI & DJ Gogo – The Good Team 08:31
03. Talamasca Vs Sirius Isness – Breaking The Matrix (Remix) 08:00
04. Talamasca Vs Skazi – Imaginary Friend 08:25
05. Talamasca Vs GMS – High Vibe (Live Version) 06:53
06. Talamasca Vs Shagma – This Isn’t A Mistake 07:43
07. Talamasca Vs Eskimo – To Be Continued 07:39
08.
Talamasca VS XSI – Frenchman In Tokyo (Remix) 07:19
09. Talamasca Vs Yuman – Ambient ‘N’ Roll 06:32

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Password / Créditos: www.psynation.com

Divindades associadas a Libra – Maat

•21 de outubro de 2008 • 2 Comentários

A mitologia egípcia nos diz que, certa vez, uma belíssima ave apaixonou-se pelo calor e a luminosidade dos raios do Sol, o deus Rá. Ela voou até ele, mas foi tão alto que o calor acabou incinerando-a. Uma única pena voou pelos ares, e essa era a deusa Maat vindo ao mundo. Divindade a quem eram atribuídos todos os conceitos de verdade, retidão, justiça e harmonia universal. Irmã de Rá, sua filha e sua alma, ou ka, sem o qual ele não poderia sobreviver. Era também esposa de Thoth, o escriba dos deuses, pois a Justiça muitas vezes necessita de leis escritas para ser cumprida. Através de Maat, Ra colocou ordem no caos que havia após a criação, e, portanto, Maat tornou-se a tese da imutabilidade universal, em que todos os opostos deveriam manter-se mutuamente em um estado de equilíbrio e harmonia. Ela era representada como uma jovem mulher alada portando uma pena de avestruz na cabeça. Foi uma divindade de extrema importância no Egito Antigo, já que grande maioria dos faraós, pelo menos até a 18ª Dinastia (cujo Faraó mais famoso é Akhenaton, com sua religião monoteísta baseada nos princípios da Verdade e Retidão) baseava sua administração do país na deusa Maat, ou seja, a verdade, imparcialidade, harmonia e a própria ordem divina do mundo. De certo modo, Maat era um princípio divino e o equilíbrio cósmico, uma força permanente que deveria estar ao lado do Faraó, e isso revela que o funcionamento e a própria existência da monarquia egípcia dependiam da atuação de Maat. O rei deveria ser um intérprete terreno de Maat, e deveria honrar, acima de tudo, a Justiça, a Eqüidade, a Verdade e a Retidão. Na 18ª Dinastia, o Faraó Ptah-hotep desenvolveu o princípio de que o coração humano era o centro da responsabilidade, orientação e vontade, o próprio deus do homem, assumindo o mesmo significado de consciência, ou centro do pensamento, representando a própria voz de Maat no ser humano.

 

Através dessa idéia, entendemos porque Maat também é a deusa que julgava os mortos perante o Tribunal dos Deuses, constituído por quarenta e dois juízes (distritos administrativos do Egito), além de Osíris, que o presidia, Thoth, Anúbis, Horus e a própria Maat. O local de julgamento era o Palácio das Duas Verdades (Maati), para onde a pessoa era conduzida logo após sua morte. Ali ela deveria proferir uma confissão negativa diretamente a Maat, nada mais do que uma declaração de inocência, baseada na honestidade ao se responder cada um dos 42 itens que lhe eram questionados. Após isso seu coração era colocado em um prato da balança sustida por Anúbis, o deus dos mortos com cabeça de chacal, e no outro prato era posta a pena de avestruz de Maat. Se os dois pratos estivessem equilibrados, era porque a alma da pessoa alinhava-se harmoniosamente com a justiça que ela havia praticado em vida. Caso o coração fosse mais pesado, isso significava que a verdade não havia sido a prerrogativa principal da pessoa, e por isso a alma era imediatamente lançada ao deus Ammut, “comedor de mortos”, um híbrido de crocodilo, leão e hipopótamo. Por esse motivo, durante o ritual do embalsamamento os egípcios colocavam sobre o peito da pessoa um escaravelho contendo uma prece inscrita, dirigida ao coração, suplicando para que este não se levantasse como testemunha contra o indivíduo morto perante o Divino Tribunal. Caso fosse comprovada a inocência da pessoa, então Thoth proferia o veredicto favorável: “Ouvi esta palavra em verdade. Julguei o coração… Sua alma é testemunha sobre ele. Seu caráter é justo segundo a pesagem da grande balança. Não se encontrou pecado algum nele”. Tendo sido julgado e inocentado, o morto era conduzido por Hórus até Osíris, diante do qual ele se ajoelhava e imediatamente entrava na glória da imortalidade. Concluímos que Maat era a deusa através da qual as leis do universo se faziam visíveis e praticáveis, sendo a própria encarnação da Verdade, Ordem Justa, Harmonia, Equilíbrio e Justiça. A personificação da própria Sabedoria.

Mito para Libra – A Escolha de Páris

•19 de outubro de 2008 • Deixe um comentário

“Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro”.

 

Romanos 2:1

 

            Esse é um mito que nos fala, principalmente, sobre escolhas e suas conseqüências. É um tema muito relacionado ao sétimo signo. O indivíduo com Libra forte no mapa tende a pesar, avaliar e averiguar todas as coisas em sua vida. Teme tanto a idéia de uma opção feita levianamente, que por vezes acaba fazendo a escolha errada ou menos adequada. No afã de harmonizar os relacionamentos e o convívio com todos os seres, Libra pode optar erroneamente, principalmente se a questão envolver desejos pessoais, beleza exterior e outras futilidades de ordem estética. Nesse caso, as conseqüências podem ser bastante desagradáveis, e o ideal pacífico e harmonioso converte-se em uma utopia bela e irreal, podendo então gerar conflitos, sejam eles internos ou externos. É isso o que nos comprova o mito.

 

            Segundo a mitologia grega, Hécuba, a Rainha de Tróia, certa vez sonhou que dava à luz uma tocha que queimava toda a cidade, não deixando nada em seu rastro de destruição. Ao consultar os oráculos, lhe foi dito que a criança seria a ruína de Tróia, e que se ela permanecesse no local não sobrariam nem mesmo as bases das muralhas fortificantes. Ao ouvir isso, o Rei Príamo decide abandonar o filho nas proximidades do Monte Ida. Para isso, ele o entrega a um de seus servos, Agesilau, que cumpre sua tarefa fielmente. Entretanto, depois de muitos dias ele encontra o menino ainda vivo, descobrindo que este havia sido amamentado por uma ursa. Ele o recolhe, decidindo tomá-lo como filho de criação. E assim Páris cresce, tornando-se logo um rapaz de incomparável beleza física, grande inteligência, elegância e diplomacia, que são invariavelmente as características de Libra na maioria dos manuais astrológicos. Ainda muito jovem, Páris casa-se com a ninfa Enone, filha do rio Cebren. Juntos eles têm um filho, Córito, que mais tarde também viria a ter uma deslumbrante beleza. E assim eles viviam, pastoreando nas tranqüilas planícies próximas ao monte.

 

            Naqueles tempos a ninfa Tétis iria casar-se com o herói mortal Peleu. Eles haviam convidado praticamente todos os deuses e semideuses para a cerimônia, mas esqueceram a deusa Tétis (Discórdia). Furiosa e terrivelmente indignada, ela invade a festa e atira bem no meio uma maçã de ouro com os dizeres “À mais bela”. Imediatamente ergueu-se uma polêmica entre as deusas Hera, Atena e Afrodite, cada uma dizendo ser mais bela que a outra. Dá-se início a um concurso de beleza em que as três disputariam o título de mais bela e o pomo da Discórdia. Zeus entende que não poderia dar um fim à questão, já que Atena era sua filha, Hera sua esposa e Afrodite, que era a mais bela e obviamente era a vencedora. Ele decide delegar a arbitragem da contenda a um juiz mortal imparcial e justo. E aí temos nosso libriano exemplar: Páris.

 

 

Zeus envia as três deusas à Terra juntamente com Hermes, já que ele é o mensageiro dos deuses e o portador da eloqüência humana. O deus informa ao rapaz que ele deveria escolher a mais bela, no que Páris, temendo a ira das deusas sobre si, recusa gentilmente o convite para o escrutínio. Hermes lhe diz que aquilo era um ordem de Zeus, e que ela não podia ser contestada, e Páris retruca que o prêmio deveria ser dividido entre as três deusas, pois todas eram merecedoras. Dessa vez são as próprias divindades que recusam. Não lhe sobrando nenhuma alternativa, Páris concorda em julgar, sentindo-se acuado pela imponência dos divinos seres e temendo o seu castigo. Essa é uma típica atitude de Libra. É um signo que não suporta fazer uma escolha sem antes pensar minuciosamente em cada detalhe. Se a decisão é forçada, ele pode tomar duas atitudes: ou negar-se a concluir a escolha sem antes uma elucidação séria sobre a questão, ou dividir eqüitativamente as opções. No caso de Páris, a pressão acabou fazendo com que ele decidisse pelo julgamento direto. Desse modo, as deusas começam a mostrar suas habilidades, dons e beleza, o que deixa o rapaz em dúvida maior ainda. Elas começam, então, a lhe atribuir subornos para que pudessem ser eleitas, uma de cada vez.

 

Hera lhe oferece os impérios da Europa e da Ásia e todas as riquezas materiais imagináveis se ele a escolhesse. Atena lhe daria toda a sabedoria e a vitória em qualquer combate, tornando-o um guerreiro valente e invencível. Por fim, Afrodite lhe faz o suborno mais tentador: o amor da mais bela mulher existente. Páris averiguou muito bem as dádivas que lhe eram oferecidas: se escolhesse o suborno de Hera, teria o mundo para si e as outras duas deusas em uma eterna guerra contra seu reinado; se optasse por Atena, seria um guerreiro infatigável, mas teria de lutar indefinidamente contra as rivais da deusa. O oferecimento de Afrodite lhe parecia o mais sensato e adequado, já que parecia não causar nenhum conflito. Além disso, somava-se a essa escolha o desejo de beleza e a luxúria pela mulher mais bela. E, nesse caso, Libra deixou-se levar pelos desejos pessoais de estética e harmonia. Afrodite saiu vencedora.

 

Algum tempo depois, Páris foi à Tróia para uma missão diplomática, e vence uma série de jogos funerários, sendo reconhecido e aclamado como o filho do Rei Príamo. Também foi acolhido pelo rei Menelau em Esparta, cuja esposa era Helena, uma mulher de beleza única e extraordinária, filha do próprio Zeus e Leda. Páris logo percebeu que estava diante da mulher prometida por Afrodite, e os dois não tardam a se apaixonar. Mais uma vez movido pelos seus instintos carnais e impulsivos (aqui representados pelo modo Cardinal de Libra, que o leva aos impulsos para os relacionamentos), Páris decide raptar Helena e a levar para Tróia, o que origina a mais famosa guerra da mitologia, descrita na Ilíada de Homero. Menelau, extremamente ofendido e irado com a traição, une-se ao irmão Agamenon para o preparo de um exército que iria sitiar Tróia, pois ele desejava a esposa de volta a qualquer custo. Uma tropa de cem naus atravessa o mar Egeu para atacar Tróia, num cerco que duraria dez anos.  As deusas Hera e Atena defendem os gregos nesse propósito, ajudando-os no sítio da cidade e no combate dos guerreiros Aquiles e Pátroclo. Afrodite e seu amante Ares, juntamente com Apolo (que era reverenciado em Tróia), defendem o lado dos troianos, e conseqüentemente Páris e Heitor.

 

No fim da Guerra, Páris fere mortalmente Aquiles com uma flecha em seu calcanhar, o único ponto vulnerável de seu corpo. Após isso ele mesmo é atingido com as setas envenenadas de Filocteto, ficando extremamente ferido. Ele volta ao monte Ida, buscando algum tipo de tratamento e ao mesmo tempo recordando-se dos tempos de tranqüilidade e amor ao lado da ninfa Enone, sua primeira esposa a quem abandonara pela fútil beleza de Helena. Sentindo-se ultrajada, ela recusa a tratar dos ferimentos de Páris, que retorna à Tróia e morre. Enone arrepende-se logo depois de sua partida, indo até a cidade com os remédios, mas já era tarde demais. Sua dor pela perda do marido foi tanta que ela enforcou-se em uma árvore.

 

Podemos perceber claramente a verdade oculta por trás do mito. As nossas escolhas, mesmo que pequenas, muitas vezes podem fazer toda a diferença, tomando proporções inimagináveis. A escolha de Páris pode ter sido trivial, mas foi de certo modo fundamental para o início de um conflito que duraria mais de dez anos e teria como conseqüência a morte de milhares de guerreiros, até os mais competentes. A lição que Libra nos ensina nesse caso é que, ao pesar os pratos da balança em nossas opções pessoais, sejam elas quais forem, é necessário colocar em um dos pratos nossos desejos individuais, sentimentos e idéias, confrontando-os com o lado coletivo, humanitário, o que deve ser colocado no outro prato. Se um for mais pesado que o outro, é porque a decisão está sendo claramente influenciada por uma das duas forças. Ou então, de um lado ficarão os sentimentos, emoções e o lado subjetivo de nossa personalidade, e do outro as idéias, conceitos éticos e atitudes, o lado objetivo da mente. Não importa qual seja o caso. É preciso buscar o equilíbrio dos pratos da balança através da reflexão, uma eqüidade de forças, para que mais tarde não soframos as duras conseqüências das escolhas que foram feitas pautadas no erro.

 

Imagens:

Orlando Bloom no papel de Paris em cartaz do filme Tróia, de 2004.

The Judgement of Paris, by Anselm Feuerbach

Helene and Paris, by Jacques-Louis David

Mito para Libra – Eros e Psiquê

•13 de outubro de 2008 • 1 Comentário

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.”

 

I Coríntios 13:1-3

 

            Escolhi o mito de Eros e Psiquê para representar Libra porque é, acima de tudo, uma história de como o amor se uniu à alma. Libra é conhecido por ser o signo do amor, mas não o carnal, o físico. Esse sentimento ganha uma coloração quase espiritual no sétimo signo. A alma, aqui, é a expressão da individualidade de cada um, o self que deseja uma aproximação direta com o mundo do que é coletivo, humano, o sentimento que move o mundo, ou seja, o amor, representado pelo deus Eros. É, sobretudo, uma representação de como o amor inconsciente, individualista, até mesmo egoísta, a que chamamos paixão, transforma-se através de duro trabalho da alma, ou Psiquê, no amor humanizado e real.

 

Eros, provindo do verbo érasthai, em grego, significa “desejar ardentemente”, ou seja, estar inflamado de amor. Essa divindade tem origem controversa ou dupla. Em alguns momentos é filho de Hermes e Ártemis ou Hermes e Afrodite, ou ainda Ares e Afrodite, portanto um deus olímpico de segunda geração, e em outros, é um dos deuses primordiais do Universo, filho de Caos (segundo Hesíodo, em sua Teogonia). Era representado como uma criança rechonchuda e loura ou um belo rapaz de cabelos encaracolados, sempre alado e às vezes portando arco e flecha. Psiquê, em grego Psýkhein, significa “sopro de vida”, a alma. Era uma garota de grande beleza, com asas de borboleta, já que os gregos acreditavam ser esse animal o símbolo da alma.

 

A história de ambos é narrada em O Asno de Ouro, de Apuleio. Psiquê era uma princesa mortal de beleza indescritível, mais nova das três filhas de um rei de Mileto. Era adorada e amada por todos, de tal modo que se assemelhava a uma divindade. Por esse motivo a deusa Afrodite, profundamente enciumada e ofendida, ordenou a seu filho Eros que a atingisse com uma de suas flechas envenenadas com o filtro do amor, para que se apaixonasse pelo mais horrível monstro. Eros, ao tentar consumar sua tarefa, atrapalha-se e acaba atingindo a si próprio, sentindo as fortes dores do amor pela linda donzela. Estando apaixonado, ele não utiliza nenhuma de suas flechas, e Psiquê permanece sozinha. O rei, seu pai, preocupa-se, pois já havia casado as duas irmãs de Psiquê, e esta permanecia solteira. Ele acreditava que havia sido punido pelos deuses por causa da extrema beleza de sua filha. Decide, então, consultar o Oráculo de Delfos que, por influência de Eros, prevê ser o destino da princesa casar-se com um terrível ser monstruoso, uma serpente. Para tanto, ela deveria ser levada até um alto rochedo, sendo deixada ali à própria sorte. Chegando lá, ela conforma-se com seu destino, adormecendo profundamente. Eros pede a Zéfiro, o suave vento oeste, deus do céu estrelado, que leve sua amada para seu castelo.

 

Quando Psiquê acorda, está em um vale maravilhoso, e nas montanhas distantes havia uma construção magnífica, o palácio do deus. Ela caminha até o local, impressionada com a divina beleza que via em tudo. A noite chega, e com ela a escuridão. Amedrontada, a princesa aguarda a chegada do monstro, mas uma voz lindamente suave a tranqüiliza e a acaricia, e logo Psiquê sente braços humanos ao seu redor, e entrega-se, conhecendo as delícias do amor. A cena se repete por diversas noites, mas a identidade do amante nunca lhe é revelada. Quando chega o dia, não o encontra em lugar algum. Eros não permitia que Psiquê visse sua face, temendo a ira de Afrodite.

 

Apesar de todos os prazeres que ali lhe eram oferecidos, ela sente falta de sua família. Eros adverte a esposa de que suas irmãs tentariam convencê-la a conhecer sua identidade, mas se tentasse ver seu rosto, ele a deixaria para sempre. As irmãs a visitam e, tomadas de inveja pela sorte da irmã, sua beleza e as riquezas do castelo, dizem a Psiquê que, se o marido não lhe mostrava o rosto, é porque deveria ser um terrível monstro, não um deus. Ela desconsidera os avisos do marido e, uma noite, enquanto Eros dormia, aproxima sua lâmpada para ver-lhe de perto as feições. Assombrada com tamanha beleza, a plenitude divina do deus, repousando em doçura e quietude inigualáveis, ela derrama uma gota do óleo da lâmpada no ombro de Eros. Ele imediatamente desperta e, tomado de dores físicas pela queimadura, e sentimentais pela traição de Psiquê, rapidamente foge voando pela janela, dizendo-lhe: “O amor não pode viver sem confiança !” Imediatamente o castelo desaparece, e Psiquê se vê solitária nas colinas próximas à casa de seu pai.

 

É tomada de imensa tristeza, inconsolável por ter sido deixada pelo marido. Decide terminar a própria existência, atirando-se em um rio, mas este não a aceita, levando-a de volta para a margem. Ela sai à procura do amado, caminhando por todos os lugares da terra e suplicando auxílio a todas as divindades. Chegando finalmente ao Templo de Afrodite, a deusa não esconde a raiva pela moça. Afinal, Psiquê havia sido motivo de adoração no lugar dela, e por sua causa Eros lhe desobedecera e agora estava em uma cama recuperando-se do ferimento no ombro. Psiquê atira-se aos pés da deusa, implorando seu perdão e o retorno de seu marido. Afrodite decide, então, impor tarefas impossíveis a Psiquê, de modo que, ou ela desgastaria toda sua beleza no esforço de realizá-las, ou morreria.

 

A primeira tarefa consistia em separar, antes do anoitecer, uma montanha de grãos de diversos tipos que estavam misturados entre si. Entretanto, mal ela havia começado a separação quando adormece, exausta. Durante seu sono, uma multidão de formigas se compadece de sua sorte, e realiza todo o trabalho com rapidez e perfeição, separando as espécies de grãos em montículos. Nessa tarefa, a alma adquire a habilidade do Discernimento. Em diversas situações, Libra precisa aprender a classificar e separar os sentimentos e, para tanto, não pode deixar-se levar por eles. Deve analisar o que é legítimo e o que é fruto da insegurança, o que é pertinente e o que não é, utilizando para isso o discernimento que lhe é peculiar, já que é um domínio de elemento Ar. Essa tarefa deve ser aprendida não somente por Libra, mas por todos nós, pois como pode viver o amor com sentimentos conflitantes ?

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            Na segunda tarefa, Psiquê deveria levar até a deusa a preciosa lã dourada de alguns agressivos carneiros que vagueavam as margens de um rio. Quando ia atravessar as águas, correndo o risco de ser morta pelos fogosos animais do outro lado, uma voz eleva-se dos juncos à margem do rio, e lhe diz que esperasse até que entardecesse, para que os carneiros se acalmassem e apaziguassem. Ela deveria procurar um espinheiro, onde os carneiros deixariam diversos fios de lã presos após se aproximarem para beber. Ela colhe a lã dourada e a leva para Afrodite. Desse modo, a alma consegue concluir a tarefa com o uso de sua Criatividade, aprendendo a examinar as situações e perceber oportunidades mesmo naquilo que é difícil. Libra, então, aprende o que já sabe naturalmente, que a melhor saída nem sempre é o confronto (representado pelos carneiros), ou o que é óbvio. Sempre existem alternativas opcionais a serem consideradas. Uma outra lição a ser aprendida por todos: O amor não convive com a agressividade e a raiva.

 

            A terceira tarefa imposta era subir ao alto de uma montanha e trazer à deusa uma jarra cheia com a escura e puríssima água do rio Estige, que ali desembocava. A montanha era altíssima, e logo a influência sonífera do rio infernal faz Psiquê ficar amortecida e cambalear perigosamente nas escarpas de pedra. Zeus se compadece da inocente alma, e manda uma de suas águias, dotada de visão arguta e perfeita, tomar-lhe a jarra, enchendo-a com a negra água da fonte. Psiquê a leva à deusa, cada vez mais enfurecida. Nessa tarefa, a alma é ajudada pela Visão. Essa é uma característica comum aos signos Cardinais, pois é essa visão que dá a capacidade de uma perspectiva distante para que se possa escolher o momento mais adequado para a ação, de modo que se tenha o todo da situação antes de agir. E, por esse motivo, a alma precisa compreender que o amor não sobrevive na inércia, na rotina.

 

            Percebendo que Psiquê conseguiria realizar todas as tarefas que lhe impusesse, Afrodite planeja mais uma, fatal. Ela inventa que perdera um pouco de sua beleza cuidando dos ferimentos de Eros, e manda Psiquê descer ao Reino dos Mortos para pedir à Rainha Perséfone um pouco de sua própria beleza, guardando-a em uma caixa. Psiquê entra em desespero, pois não havia outro modo de chegar ao Hades, a não ser morrendo. Ela sobe a uma alta torre para dela se atirar, mas esta lhe diz que não faça isso, pois havia um outro jeito de chegar ao mundo dos mortos. A Torre é a construção humana na direção da divindade, um sistema de idéias, pensamentos, concepções, a sabedoria humana acumulada. A Torre lhe explica o caminho para o Hades, ensinando-lhe como passar por Cérbero e lhe entregando uma moeda para pagar o barqueiro Caronte. Também alerta para que ela não ajude ninguém no caminho, e para que não abra a caixa, pois a beleza dos deuses não se destina aos olhos mortais. Além do medo do subterrâneo e as pessoas que lhe procuravam atrapalhar, Psiquê precisou aprender a desenvolver o Foco em seu principal objetivo, que era reconquistar Eros, o amor. E desse modo ela chega ao Reino dos Mortos, onde encontra Perséfone, que estava sentada imponente em seu trono, recebendo da deusa a caixa contendo um pouco de sua magnífica beleza. E por fim, aprendemos que o amor necessita do desejo para poder viver.

 

            Agora a alma já conheceu as quatro habilidades para que possa se reencontrar com seu grande amor: discernimento, criatividade, visão e foco. Porém, nesse momento, sua curiosidade humana fala mais alto. Acreditando ter perdido sua beleza durante as tarefas, e movida pela vaidade, Psiquê abre a caixa de beleza imortal, que é a própria morte, caindo em um profundo sono. Nesse estágio, Libra se livra do narcisismo e o desejo de beleza física, morrendo superficialmente, pois tudo o que é belo só pode ser eternizado através da morte. Somente agora é que Eros, recuperado de sua ferida, vai retornar para sua amada, com a consciência de que poderia perdê-la para sempre. Ele guarda a beleza de volta na caixa e desperta Psiquê, lembrando-lhe que sua curiosidade havia sido novamente a grande falta. Ela entrega à Afrodite a caixa, terminando as tarefas. Eros implorou a Zeus que apaziguasse sua mãe, ratificando seu casamento com Psiquê. O grande deus atende prontamente, entendendo o poder que agora o amor tinha, por estar humanizado com sua alma. A jovem foi, então, conduzida por Hermes à Assembléia dos Deuses, sendo-lhe oferecida uma taça de ambrosia, o que a tornou imortal. Do casamento de Eros e Psiquê nascem trigêmeos: Eros II (o Amor dos seres), Volúpia (Virtude) e Voluptas (Prazer), que representam o êxtase máximo, a conjunção do divino humanizado e o humano divinizado, que é o maior equilíbrio que Libra poderá conseguir em sua existência voltada ao amor e à paz.

 

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

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I Coríntios 13:4-7

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Imagens:

“L´enlèvement de Psyché”, by William-Adolphe Bouguereau

“Psyche entering the Cupid´s Garden”, by John William Waterhouse

“Psyche opening the Golden Box”, by John William Waterhouse

“Cupid Findind Psyche”, by Sir Edward Coley Burne-Jones

Placebo – Meds (2006)

•10 de outubro de 2008 • Deixe um comentário

Placebo é uma banda formada em 1994 em Londres, Inglaterra. Seus integrantes são o belga Brian Molko (vocalista, guitarrista e tecladista), o sueco Stefan Olsdal (baixista, guitarrista e tecladista) e Steve Forrest (baterista). Devido a diferentes origens (Bélgica, Suécia, Luxemburgo, Inglaterra e Suíça) dos integrantes que formam/formaram o Placebo, este é considerado como uma banda Européia.

 

 

Esse é o quinto álbum da banda, e é fantástico. Fiquei dias e mais dias ouvindo as músicas, cada uma única e diferente da outra. É, sem dúvida, uma banda alternativa, mas com um estilo bastante peculiar, principalmente pela linda voz de falsete do vocalista Brian Molko. Pra quem gosta, tem uma influência meio glam rock e umas pitadas de batidas eletrônicas. Um som bem legal. Destaque para Meds, Infra-Red, Because I Want You, Blind e Broken Promise.

 

 

Faixas:
1. Meds (featuring Alison “VV” Mosshart) – 2:55

2. Infra-Red – 3:15

3. Drag – 3:21

4. Space Monkey – 3:51

5. Follow the Cops Back Home – 4:39

6. Post Blue – 3:11

7. Because I Want You – 3:22

8. Blind – 4:01

9. Pierrot the Clown – 4:22

10. Broken Promise (featuring Michael Stipe) – 4:20

11. One of a Kind – 3:20

12. In the Cold Light of Morning – 3:52

13. Song to Say Goodbye – 3:3

 

 

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Créditos

Crepúsculo – Stephenie Meyer

•10 de outubro de 2008 • Deixe um comentário

Opinião:

            Confesso que me surpreendi quando fechei esse livro. Ele foi uma indicação de diversas pessoas, e eu tinha certeza de que iria gostar, porque sou um fã ardoroso de histórias de vampiros e outros seres mórbidos da noite. Isso logo será perceptível à medida que eu for postando minhas opiniões sobre os livros que eu li ou estou ledo presentemente. Mas voltando a Crepúsculo. Eu me surpreendi porque esperava algo diferente, talvez mais sombrio ou sangrento, com pitadas de alguma violência e sexualidade, algo ao estilo Anne Rice, só que em uma linguagem e ambientes próprios aos nossos tempos. Não foi isso que encontrei. O livro é ótimo, mas sem entrar especificamente no campo do terror ou do suspense, pelo menos não em excesso. É extremamente envolvente e sedutor, com uma história contemporânea e jovem, bastante atual. Infelizmente, não chega a atingir o erotismo e a carga de complexidade filosófica que o personagem vampiro exige, mas ainda assim conseguiu me impressionar com suas descrições delicadas e personagens fascinantes, e não é preciso dizer que Edward é absolutamente arrebatador. Entretanto, o intuito da autora logo fica claro, e o livro é acima de tudo, sobre o relacionamento dos personagens principais, o resto é resto. Stephenie conseguiu unir elementos que há muito tempo haviam sido separados no mundo da literatura de horror: a luz e a escuridão. Seus vampiros (aqui me refiro à família Cullen) são lindos, elegantes, podem caminham à luz do dia e têm uma formidável sede, não de sangue, mas de relacionamentos e amor, como qualquer outra pessoa. Stephenie, uma dona-de-casa mórmon, disse que a idéia de escrever o livro veio de um sonho, em que uma garota se apaixonava por um vampiro. Até então ela nunca havia pensado em escrever um livro desse tipo. Ela acertou em cheio, seu talento ficou evidente nessa obra. Em alguns pontos a narrativa se arrasta um pouco, chegando a ser repetitiva ou monótona, mas logo em seguida somos arrebatados com uma seqüência de revelações surpreendentes, e as cenas finais de ação terminam o livro com brilhantismo. Uma sacada muito inteligente da autora foi introduzir em seus personagens bebedores de sangue alguns poderes paranormais, idéia também utilizada pelo brasileiro André Vianco na saga iniciada com Os Sete. Alice, por exemplo pode ver o futuro, e Jasper tem o poder de influenciar emocionalmente a quem ele quiser. Isso torna a história dinâmica e faz tudo muito mais divertido, porque as coisas não são tão previsíveis como se esperaria, reviravoltas acontecem e tudo leva a um emocionante final… É uma saga que promete. Eu não tive oportunidade de ler os outros volumes ainda, mas provavelmente eles vão repetir a mesma qualidade deste, que se tornou rapidamente best seller nos EUA e também aqui no Brasil. A relação de Bella e Edward é muito envolvente: mesclam-se desejos por sangue e por amor, mas não se sabe de qual dos dois personagens provém esses desejos. Confesso que estou muito curioso para saber o desfecho dessa série de Stephenie. Assim que eu ler Lua Nova posto minha opinião aqui. Quem quiser baixar Crepúsculo clique aqui ou no link no fim do post.  

 

Sinopse:

Crepúsculo poderia ser como qualquer outra história não fosse um elemento irresistível: o objeto da paixão da protagonista é um vampiro. Assim, soma-se à paixão um perigo sobrenatural temperado com muito suspense, e o resultado é uma leitura de tirar o fôlego – um romance repleto das angústias e incertezas da juventude – o arrebatamento, a atração, a ansiedade que antecede cada palavra, cada gesto, e todos os medos. Isabella Swan chega à nublada e chuvosa cidadezinha de Forks – último lugar onde gostaria de viver. Tenta se adaptar à vida provinciana na qual aparentemente todos se conhecem, lidar com sua constrangedora falta de coordenação motora e se habituar a morar com um pai com quem nunca conviveu. Em seu destino está Edward Cullen. Ele é lindo, perfeito, misterioso e, à primeira vista, hostil à presença de Bella, o que provoca nela uma inquietação desconcertante. Ela se apaixona. Ele, no melhor estilo “amor proibido”, alerta: Sou um risco para você. Ela é uma garota incomum. Ele é um vampiro. Ela precisa aprender a controlar seu corpo quando ele a toca. Ele, a controlar sua sede pelo sangue dela. Em meio a descobertas e sobressaltos, Edward é, sim, perigoso: um perigo que qualquer mulher escolheria correr.”

 

Download:

http://www.4shared.com/file/30907444/1a54526/Crepsculo_-_Stephenie_Meyer.html?s=1

 

Libra – O Equilíbrio entre o Eu e o Outro

•10 de outubro de 2008 • Deixe um comentário

Libra é o sétimo signo do Zodíaco, e representa o término do mundo individual e particular, e o início do mundo coletivo, das inter-relações pessoais e transpessoais. É um signo de Ar, de modo Cardinal e regido por Vênus, e também é a queda do Sol e a exaltação de Saturno. Seu símbolo é uma balança, às vezes sustentada por uma mulher. Tudo isso leva a uma formidável união de elementos, que gerou e ainda gera seres humanos únicos: você poderia se perguntar o que Ray Charles, Mahatma Gandhi, Anne Rice, John Lennon, Friedrich Nietzche, Margateh Thatcher e Eminem têm em comum. Sim, todos eles possuem o Sol em Libra!

A primeira coisa a se levar em conta quando falamos de Libra é que ele é um signo de relacionamentos. Por ser de Elemento Ar, tudo é levado para o campo do intelectual, do mental. A lógica fria e o escrutínio impessoal do Ar levam Libra a pesar, julgar e contrabalançar absolutamente tudo que seja considerado de alguma forma duplo, ou então opcional, e é por isso que muitas vezes o encontramos dividido entre duas (ou mais) coisas, seja no campo afetivo, pessoal ou profissional. O Modo Cardinal, que Libra compartilha com seu signo oposto, o fogoso e inquieto Áries, leva esse signo aos inícios, ao movimento, e ele não suporta a inércia ou a mesmice. Os signos Cardinais buscam exteriorizar para o mundo seus impulsos e objetivos internos, criando e iniciando uma ponte com o mundo, cada um à sua maneira. Aqui, o impulso criativo é para o Outro, e aí está a importância do relacionamento para Libra. O mundo é entendido como algo que deve ser julgado e avaliado, e por fim, harmonizado, tudo isso a um nível de consciência extremamente sofisticado e com notável diplomacia, e é por isso que muitas pessoas com o signo de Libra muito forte no mapa astral tem uma tremenda habilidade social. Para elas é fácil contemporizar, harmonizar, tornar o convívio agradável. Isso, no entanto, também significa que os sentimentos e ações entendidos como impuros ou, mais propriamente, desarmônicos, serão obscurecidos e esquecidos, e Libra não os verá em sua ânsia de cercar-se de uma realidade bela e perfeita, equilibrada. Desse modo, concluímos que, além da conhecida indecisão, uma outra qualidade não-positiva do signo é essa despreocupação com o que é considerado de certo modo ruim, levando-o a um confronto final com o mal que ele tanto evitou em sua busca de harmonia.

O grande dilema de Libra é, e sempre será, entender como uma multiplicidade de seres humanos de diversas classes, etnias, nacionalidades e religiões, com objetivos e propósitos diferenciados, conseguem conviver em um mesmo mundo. Mesmo que não seja perceptível à primeira vista, grande parte de sua vida será dedicada a entender esse conceito, já que é um signo de Ar. Muitos mencionam também a capacidade desse signo para amar, e sua habilidade nas artes dos relacionamentos amorosos, da beleza, e da estética. Estes são domínios de Vênus, seu planeta regente. No entanto, a Vênus aqui não é como a de Touro: sensual, terrena, erótica. A Afrodite libriana apresenta uma beleza inigualável, sendo amável, diplomática e inteligente, mas dificilmente poderá ser tocada, a não ser que estejamos falando a um nível intelectual. Isso significa que Libra é facilmente atraído para a beleza, inclusive a física, e também é sensível à elegância e à boa educação. Entretanto, nada disso valerá se o relacionamento não lhe oferecer base para uma compreensão inata de seus valores e sentimentos, um fogo para que seu ar possa alimentar. Libra necessita amar, e é bastante romântico.

Saturno está exaltado. Com isso, podemos entender porque esse signo às vezes demonstra certa necessidade de compromissos, de acordos, de restrições, de leis ou regras que dominem e organizem as inter-relações pessoais e profissionais. Nesse campo, temos a combinação de Vênus e Saturno, e a pessoa com Libra forte certamente encontrará oportunidades nas profissões que envolvam diretamente o uso potencial de sua estética inigualável, seu senso de justiça e arbitragem, e o instinto nato para a cooperação e o compromisso. Artes plásticas, Direito, Arquitetura e Diplomacia são atividades librianas por natureza.

Todos sabem que Libra pode ser gentil, gracioso, sociável, romântico e propenso ao acordo, mas em sua face negativa ele poderá ser rabugento, auto-indulgente, frívolo, influenciável e até mesmo isolado. Não podemos esquecer que o Sol encontra aqui sua queda, e desse modo “(…) a vontade e a determinação do indivíduo são submersas pelo desejo de se comprometer ou harmonizar com o outro (…)” (Astrologia e Mitologia – Ariel Guttman e Kenneth Johnson). E aqui, ao encontrar frustração em determinada relação ou tentativa de harmonização, Libra verá o seu ideal metafísico de paz desmoronar, e então poderá preferir o isolamento, seu humor e emoções tornar-se-ão rapidamente inconstantes e ele será facilmente influenciado. Entretanto, nesse período escuro o signo terá o seu maior aprendizado, e começará a entender que não é possível viver neste mundo sem que hajam conflitos inerentes à condição humana, já que todos somos falhos e cometemos erros o tempo todo. O ideal de vida absolutamente perfeita gradativamente desaparecerá, e Libra irá aprender a lidar com as desarmonias e sofrimentos que inevitavelmente serão gerados no convívio com o outro.

O Sonho

•5 de outubro de 2008 • Deixe um comentário

Tudo se inicia desse modo. Com um sonho. Tudo. Visões, temores, alegrias, tristezas, recordações, memórias meio lembradas, meio esquecidas, fatos reais ou imaginários, passagens, leituras, músicas, sentimentos, conversas, observações silenciosas ou não, amores, ódios. Eles trafegam na periferia da mente, esperando uma chance para transbordar ao acaso em um conjunto de imagens caóticas, estrambóticas, fantásticas, por vezes obsessivas. Estão sempre em algum canto escuro, espreitando o dia-a-dia simples de pessoas comuns, que vivem e se deixam viver sem parar para perceber a complexidade de tudo que gira e acontece ao redor. Nada acontece por acaso. Maktub, estava escrito. Há algo a mais, uma centelha poderosa que organiza todas essas coisas, para que elas pareçam normais, corriqueiras, passando sempre tranqüilamente numa ordem cronológica e aparentemente natural aos olhos de quem vê. Todos temos crenças, sentimentos, experiências e sensações, sejam elas boas ou nem tanto. Mas alguém já parou para pensar o que tudo isso significa ? Para que servem os sonhos ? É complicado explicar. Se Deus, ou a entidade superior a quem chamam Deus, está lá, em algum lugar, então ele sabe qual é o sentido, e somente ele. Melhor assim. Seria chato se todas as pessoas se deitassem e levantassem no outro dia sabendo tudo o que vai acontecer, todos os assuntos a tratar, todas as coisas a sentir, todas as pessoas com que vão conversar, e todas as situações pelo qual, inevitável e irrevogavelmente, serão obrigadas a passar. Cada dia é um mistério. Ninguém sabe o que espera no caminho à frente. Quando finamente adormecemos, após o dia extremamente cansativo, nosso cérebro não deixa de trabalhar. Entretanto, ele se esforça para relaxar o corpo, nem sempre de modo eficaz, poderíamos dizer. Mas o que serão os sonhos ? Uma reação bioquímica complexa de nosso corpo, uma viagem astral pelo universo, um déja vú, uma “pequena morte” diária, um retorno às vidas passadas, uma obsessão ? Não sei, sinceramente. Para mim, esse é o grande mistério. É através deles, dos sonhos mais improváveis e absurdos, às vezes felizes, aterrorizantes ou mesmo emocionantes, que eu vejo o mundo. Entendam, não é uma janela opaca e eternamente fechada por trás da qual eu busco esconder a vida real, afastando-me do que é concreto, físico, palpável e tangível. Eles simplesmente me dão idéias, feelings, insights. Desse modo, o blog tem essa proposta. Eu vou postar um conjunto de coisas que podem não ter muita relação entre si à primeira vista. Com um segundo olhar, mais crítico, será perceptível que tudo tem uma conexão, mesmo que fraca. Eu adoro ler, ouvir músicas, assistir a séries ou filmes que representem ou demonstrem de algum modo essas minhas idéias psíquicas ou oníricas. Isso estará sempre presente, através de críticas ou opiniões. Eu também gosto de ciências pseudo-esotéricas, como alguém já deve ter notado. Isso também estará presente. Somem-se essas idéias meio amalucadas e filosofias sem-sentido, e meu gosto por arte ao conteúdo geral, e então será possível entender o meu Sonho Obsessivo. No fim das contas, ele é só uma mistura do que é real com o que é imaginário, o que é tangível e intangível, realidade ou imaginação, vida e morte. É minha forma pessoal de buscar um sentido para a existência humana.

 

Imagem: Insomnia Sleeper, by John Jude Palencar.